tag:blogger.com,1999:blog-32597052.post116183310194383047..comments2023-09-01T12:03:39.013-03:00Comments on Blog do Paulo Lotufo (@PauloLotufo): Rastreamento para câncer de pulmão: finalmente algo novo!Paulo Lotufohttp://www.blogger.com/profile/05540292263683792198noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-32597052.post-1161892177353515912006-10-26T16:49:00.000-03:002006-10-26T16:49:00.000-03:00Este tipo de estudo é muito persuasivo e de conclu...Este tipo de estudo é muito persuasivo e de conclusões facilmente deturpáveis.<BR/>Perceba-se bem o título do estudo – título cuidadosamente escolhido pelos autores: não se trata de estudo que avalia “a validade do rastreamento do câncer de pulmão em fumantes ou ex-fumantes”. Não. O estudo avalia “A sobrevida de pacientes com câncer de pulmão em estágio I que foram detectados em rastreamento.” <BR/>A diferença entre estas ambas formas de dar títulos às coisas está muito bem assinalada no editorial do mesmo fascículo (Unger M. A Pause, Progress, and Reassessment in Lung Cancer Screening. NEJM 2006; 355[17]: 1822-4):<BR/>Por não ser um estudo randomizado e controlado dá margem aos famosos viéses de rastreamento de cuja tradução nunca me lembro: lead-time bias e lenght time bias. Como não há um grupo controle, somente podemos comparar os resultados deste estudo com controles históricos, estratégia associada aos problemas já conhecidos por todos. Este tipo de rastreamento pode estar detectando uma maior proporção de tumores de comportamento biológico menos virulento – o que favorece a estatística de mortalidade. Este tipo de estudo pode estar somente detectando tumores de crescimento tão lento que não causariam morte ainda no tempo de acompanhamento do estudo, com ou sem cirurgia. Este tipo de estudo pode estar diagnosticando tumores que não iriam se manifestar em vida (“overdiagnosis”). A existência de tais possibilidades, que estudos deste tipo – sem randomização e controle - não conseguem avaliar, torna impossível se apreciar a questão da custo-efetividade do rastreamento do câncer de pulmão com a CT espiral de dose baixa. Ou seja, não conseguimos saber se o uso desse exame no check-up deve ou não ser feita. No momento, a resposta que me parece mais adequada é a de que não há evidências suficientes para o uso desse exame em exames de check-up. Nunca se esquecendo, entretanto de que a ausência de evidências não são evidências de ausência. Somente mais estudos no decurso do tempo – se o complexo médico-industrial-midiático permitir – poderão nos dar as respostas necessárias.Carlos Marcellohttps://www.blogger.com/profile/12314073181096745226noreply@blogger.com