sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Segurança de Medicamentos: proposta radical do Institute of Medicine.

O Institute of Medicine - equivalente à Academia Brasileira de Medicina - publicou The Future of Drug Safety: Promoting and Protecting the Health of the Public. Trata-se de uma resposta ao "clamor público" do risco das drogas aprovadas pelo Food and Drug Administration (FDA) que gerou uma desconfiança dos métodos adotados pelo FDA.
O diagnóstico foi duro e rigoroso e, exige mudanças, como pode ser lido no relatório:"FDA's reputation has been hurt by a perceived lack of transparency and accountability to the public, a legacy of organization changes that have not been completed or sustained, and an apparent slowness in addressing lack of (drug company) compliance. A proposta principal será o Centro de Segurança de Medicamentos e, incluirá entre outras sugestões, que novos medicamentos sejam identificados de forma diferenciada em relação aos demais.
O texto completo poderá ser acessado na página http://www.iom.edu

DCI: disputa interna paralisa patentes de medicamentos.

O DCI (22/09/06) publica extensa matéria mostrando que as disputas entre o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) , o Ministério do Meio Ambiente (MMA) está compromentendo a patente de substância que potencialmente poderão ser incluídas no rol dos medicamentos. O MMA exige que haja comprovação que o produto "foi obtido de forma legal e, com celebração de contratos entre os participantes , como por exemplo, indígenas e gestores de reservas ambientais e, o solicitante deverá repartir com eles os benefícios".
Comentário: enquanto ficamos discutindo questões como essa, a biopirataria avança sem destemor. Aliás, desconfio de excesso de legislação em área tão competitiva.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Wal Mart vira o jogo nos EUA com genéricos a $4.

The Wall Street Journal anuncia que a rede de supermercados Wal Mart no Estado da Flórida (EUA) irá vender medicamentos genéricos por valores de até $4,00. A explicação para tal medida é segundo a empresa: " lower prices will be funded by efficiencies in the company's supply chain, "primarily in the area of logistics and technology." Wal-Mart has been cutting supply-chain costs on "everything from the manufacturer's door to the customer's hands." Outro aspecto interessante ressaltado na reportagem é que " over the next two years, analysts estimate patents on about 75 brand-name drugs, including blockbusters like antidepressant drug Zoloft and Norvasc blood-pressure medication, will lose protection. The resulting wave of new generics will help pharmacies, which get the majority of their profits from generic drugs. Profits on brand-name drugs are typically less because of the manufacturers' control over pricing and distribution."
Comentário: os preço dos remédios nos Estados Unidos é abusivo. A rede Wal Mart que é odiada pelo sindicalismo americano, mas amada pelos consumidores dá um golpe na indústria farmacêutica e nas redes de farmácias que escondem os medicamentos genéricos. Essas últimas tiveram queda importante no valor das ações.

UFBA: ótima proposta (mal apresentada) para a universidade

Finalmente algo criativo e que poderá ter alcance muito maior do que as já famosas e desgastadas "cotas". Leio em todos os jornais que a Universidade Federal da Bahia (UFBA) irá fazer uma importante mudança. Pulo as manchetes, vou para o corpo das notícias e, dou o meu destaque: a UFBA está criando o curso básico ou o college brasileiro. Isso é muito bom!! Curso único, mas com várias optativas que será a base para a admissão nos cursos profissionalizantes como medicina e arquitetura, ou que permitirá cursar após a conclusão, um mestrado em administratação, por exemplo. A idéia é excelente porque faz um diagnóstico fundamental: a maioria dos jovens de 16 anos (na Bahia, em São Paulo, nos Estados Unidos, em qualquer lugar) não tem maturidade para escolher uma profissão como são obrigados a fazer atualmente no Brasil. O ponto desnecessário na proposta bahiana foram aqueles destacadas nas manchetes em detrimento do principal enfatizado acima: o fim do vestibular e a adoção do ENEM como forma de acesso. O ENEM será o vestibular da UFBA e, aqueles interessados em nela ingressar vão se preparar tal como fazer hoje para o vestibular. Pior, será somente uma prova com um número menor de questões.
Apesar dessa enfase desnecessária do "fim" do vestibular, a proposta é excelente e, merece de início receber parte considerável dos recursos do MEC que financia as escolas privadas em um programa demagógico - Uniqualquercoisa - para providenciar as alterações estruturais na UFBA que permitam criar esse curso básico. A experiência da UFBA deverá ser monitorada por todos.
Ressalto que para o curso de medicina, um período prévio será muito importante aumento a maturidade dos alunos.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Nacionalismo e Medicamentos: Suíça incomodada

Financial Times (20/09/06) informa que Daniel Vasella, presidente da Novartis (Suíça) e também da International Federation of Pharmaceutical Manufacturers and Associations: "we are seeing healthcare nationalism coming back. From Japan to the US, it's all over the place." Esse comentário foi feito após medidas do governo polonês a favor das indústrias locais. Cita também o exemplo da Alemanha que suspendeu as compras pelo Estado de Lipitor e, adotou uma estatina genérica. O próprio Estados Unidos por questão de segurança exigiu que a suíça Roche abrisse uma fábrica de tamiflú (para gripe) em território americano. Comentário: interessante saber que países “estatistas” como Alemanha e Estados Unidos tenham essa preocupação que ainda está distante mesmo dos mais empedernidos nacionalistas brasileiros. Quem paga imposto no seu país tem o direito de decidir como será gasto o dinheiro. Um basta precisa ser dado por todos os cidadãos e contribuintes o pushing das indústrias farmacêuticas, principalmente da Suíça, que adoram impor seus medicamentos aos serviços públicos com seus speakers, ONGs, capas em revistas semanais etc etc.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

WSJ: corrupção, uma das causas do custo elevado da assistência médica nos EUA.

The Wall Street Journal (18/09/06) apresenta matéria investigativa mostrando que os corretores encarregados de encontrar o melhor plano de saúde para uma empresa fornecer aos seus empregados, quase que invariavelmente recebem recompensas polpudas das empresas de seguro-saúde, além do valor do contrato inicial com a empresa. Diz a matéria: "The episode spotlights a widespread and largely invisible practice that critics say boosts the cost of health care. Many consultants and brokers who are hired to help employers get the best deal on health insurance or prescription-drug coverage have significant financial ties with the health vendors they are supposed to be scrutinizing. The ties may take the form of bonuses for bringing in business, commissions or consulting fees. Often they are disclosed only partly or not at all."
O gráfico acima mostra o aumento nos últimos anos do gasto com saúde nos EUA.

domingo, 17 de setembro de 2006

Neomaltusianos não se emendam: contradição na Folha de S. Paulo

Ontem fiz um comentário sobre o resultado da PNAD mostrando que no Brasil em 2005 chegamos a uma taxa de fecundidade de reposição populacional. Hoje, Folha de S.Paulo (caderno Cotidiano) há um comentário de Gilberto Dimenstein: "...entre as famílias mais ricas e instruída, a taxa de fecundidade é um filho por mulher. Entre as mais pobres e menos instruídas, porém, é de seis filhos por mulher". Continua o neomaltusiano de plantão:"......se disseminassem o planejamento familiar, o combate à miséria seria menos difícil".
Fiquei surpreso porque duas páginas antes no mesmo caderno encontra-se a síntese do livro "A transição da fecundidade no Brasil" de Celso Simões comparando as taxas de fecundidade nos últimos quatro censos (70, 80 ,91, 00) por educação da mãe. Naquelas com escolaridade menor do que 3 anos de estudo a taxa caiu de 7,21 (1970) para 3,46 (2000), redução relativa de 52%; entre as mães com 4 a 7 anos de estudo a taxa caiu de 4,31 (1970) para 2,82 (200), redução relativa de 34,6% e, finalmente para mães com mais de 8 anos de estudo formal houve redução da taxa de 2,67 (1970) para 1,81 (2000), redução relativa de 39,2%. A diferença entre o número de filhos entre as menos e as mais instruídas caiu de 4,54 (1970) para 1,81 (2000), redução relativa de 60%!!
Ou seja, não adianta, os neomaltusianos não se informam nem no próprio jornal que trabalham. O destaque principal do texto da boa reportagem é a frase do autor do livro, Celso Simões: "mulheres de todos os níveis procuraram reduzir o número de filhos. Isso fez com que o país fizesse uma transição demográfica que, em países europeus, levou mais de 100 anos."