The New England Journal of Medicine e The Lancet publicaram os resultados do braços ramipril e rosiglitazone, respectivamente, para a verificar a redução da incidência do diabetes (melito, tipo 2). O estudo patrocinado pela Glaxo Smith Kline para promover o Avandia, marca do rosiglitazone chama-se Diabete REduction Assessment with ramipril e rosiglitazone Medication, ou DREAM. A crítica inicial ao estudo é o propósito de se estudar incidência de diabetes com um medicamento que altera a o metabolismo de carbohidratos reduzindo a glicemia de de forma comprovada como o rosiglitazone. Explico melhor, a definição de diabetes é baseada no nível glicêmico e, arbitrária. Obviamente, tal como aconteceu com outros medicamentos para o diabetes –arcabose e metformina – a ação do fármaco reduziria o aparecimento de diabetes. E, de fato foi o que ocorreu após 3 anos na população de pacientes com intolerância à glicose: uma redução de 22% (placebo) para 11,9 %, em outras palavras haverá necessidade de se tratar 7 indivíduos nesse período para evitar um caso de diabetes e, considerando o custo de 8mg de rosiglitazone de R$9,00/dia teríamos um custo de aproximadamente R$70.000,00 para se evitar um novo caso de diabetes. Além disso houve 0,5% de insuficiência cardíaca no grupo da rosiglitazone contra 0,% no lado do placebo, novamente em outras palavras: para cada 25 pacientes que façam uso do medicamento, um desenvolverá insuficiência cardíaca. Outro aspecto importante é que nenhum dos desfechos clínicos – exceto insuficiência cardíaca já citada - como infarto do miocárdio, angina e doença cerebrovascular se alteraram com o uso da rosiglitasone. No braço do ramipril não houve diferença alguma, uma delas relativamente estranha: a não proteção do ramipril para eventos cardiovasculares, mesmo em tempo inferior de seguimento quando comparado a outro estudo (HOPE).
No entanto, o aspecto mais relevante é quanto que esse estudo representará em ganhos para a empresa. A Reuters noticiou que “....that is good news for Glaxo, which has two new rival diabetes treatments on its heels in the form of DPP-4 inhibitors Galvus from Novartis and Januvia from Merck & Co. Inc. , ....Bullish analysts, such as those at Deutsche Bank and Bernstein, have predicted the clinical results could help lift sales of Glaxo's second-biggest product to 2.8 billion pounds ($5.3 billion) by 2010 or 2011, from 1.3 billion in 2005. But others are more skeptical, with JP Morgan not seeing a significant sales lift from the latest data given the problems of identifying suitable patients and justifying treatment. …..” The potential market to be addressed in treating them could, in theory, be worth some $15 billion a year, according to Merrill Lynch." Voltando, aos artigos, editorialistas de ambas revistas sugerem que o fundamental é dieta com menos calorias e exercício físico.Os artigos e editoriais são de acesso livre em
http://www.thelancet.com e http://www.nejm.org
sábado, 16 de setembro de 2006
PNAD 2005: taxa de fecundidade = 2,1 filhos por mulher
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) de 2005. Entre vários resultados destaco o que merecia ser manchete de todos os jornais: a taxa de fecundidade que mede o número de filhos por mulher na fase reprodutiva foi de 2,1, ou seja aquilo que é considerado como taxa de manutenção. Os neomalthusianos que pululam na imprensa não gostam disso, porque adoram falar no "programa de controle populacional" como solução para os "males do Brasil". Balela, não precisamos de programa algum, simplesmente precisamos estender os direitos reprodutivos, entre eles a esterelização cirúrgica a todos, principalmente nos hospitais públicos e unidades básicas de saúde. A lei 9263 de 12/01/96 foi tardia e, ainda é restritiva, mas sua aplicação pode garantir que o direito de escolha possa ser exercido. Outro aspecto importante é o aumento da proporção de idosos em todas as regiões do país.
Abaixo, o texto da PNAD tal como publicado e, que poderá ser consultado na página do IBGE.
"Em 2005, a de fecundidade do País, estava em 2,1 nascimentos por mulher. A Região Norte apresentou a mais alta taxa (2,5), vindo, em seguida, a da Nordeste(2,3). A menor taxa de fecundidade foi a da Região Sudeste (1,9) e as das Regiões Sul e Centro-Oeste foram iguais (2,0). As estruturas etárias regionais retratam não só os efeitos diferenciados da evolução da fecundidade e da mortalidade, como, também, de distintos fluxos migratórios. As Regiões Sudeste e Sul apresentaram as estruturas etárias mais envelhecidas e a Norte, a mais jovem. A Nordeste, refletindo seu nível de fecundidade, inferior apenas ao da Região Norte, deteve a segunda maior participação de crianças de menos de 5 anos de idade e, devido ao seu histórico processo de emigração, apresentou a terceira maior participação de idosos de 60 anos ou mais de idade. No País, em 2005, o número de idosos de 60 anos ou mais de idade superava o de crianças de menos de 5 anos de idade em 24,2%. Em 2004, esse indicador estava em 17,9%. Em 2005, nas Regiões Sudeste e Sul o número de pessoas de 60 anos ou mais de idade suplantava o de crianças de menos de 5 anos de idade em, respectivamente, 58,0% e 51,1%. Na Região Nordeste, os números desses dois contingentes ficaram próximos, mas o dos idosos de 60 anos ou mais de idade superou em 1,6% o de crianças de menos de 5 anos de idade, o que ocorreu pela primeira vez. Nas Regiões Centro-Oeste e Norte, as crianças de menos de 5 anos de idade ainda eram mais numerosas que os idosos. Entretanto, na Região Centro-Oeste os números desses dois contingentes não estavam muito afastados (para cada 1000 crianças de menos de 5 anos havia 950 pessoas de 60 anos ou mais de idade), enquanto na Região Norte ainda estavam bastante distanciados (para cada 1000 crianças do primeiro grupo etário havia 593 idosos de 60 anos ou mais de idade)."
sexta-feira, 15 de setembro de 2006
Co-pagamento de medicamentos recebe adesão das redes privadas.
Parece que o bom senso passou a imperar nesse país. Valor Econômico (15/09/06) informa que as principais redes varejistas (Raia, São Paulo, Pacheco, Onofre, Drogasil, Drogão, Panvel, Pague Menos, Araújo) aderiram à fase 2 do programa Farmácia Popular, ou seja vender medicamentos para hipertensão e diabetes fabricados em laboratórios estatais com preço subsidiado. Esse esquema acabará (espera-se_ com a instalação das Farmácias Populares administradas pelo próprio governo, uma invenção venezuelana e que tinha sido aplicada também no governo Arraes em Pernambuco. que conseguiu ao mesmo tempo atacar as bases do Sistema Único de Saúde e a iniciativa privada. De duas, uma: o paciente não tem recurso e recebe gratuitamente na Unidade Básica de Saúde (que apesar de 420 em São Paulo, não permitem acesso 24 horas dia, sete dias por semana) ou se o paciente pode pagar um pouco procura das inúmeras farmácias (hoje, 2413) que existem nas grandes cidades e, compra por preço mais barato.
A chamada fase 1 da Farmácia Popular tornou-se mais um instrumento político eleitoral e, pouco eficaz porque o não se conseguiu criar mais de 200 farmácias populares em conjunto com prefeituras e filantrópicos. A chamada fase 2 da Farmácia Popular tem esse nome também por interesse político-eleitoral, porque se trata de prática já consagrada em vários países chamada de co-pagamento. O paciente munido de uma receita de antihipertensivo procura uma farmácia cadastrada, ao invés de pagar R$ 15,00 pagará R$ 2,00, somente como exemplo. A farmácia envia o dado da compra ao Ministério que reembolsa R$ 10,00. O paciente acabará comprando outros produtos da farmácia que necessita. Enfim, ganham todos.
Mais pontos positivos: (1) a obrigatoriedade de prescrição médica, que poderá evoluir para que o país chegue a ponto de ter dois tipos de medicamentos: os de prescrição e os de prateleira; (2) a possibilidade de se criar um banco de dados para a Central de Segurança de Medicamentos. Um ponto negativo, pequenas farmácias não conseguirão ter estrutura de informática para participar do programa e, poderão perder mais mercado ainda.
quinta-feira, 14 de setembro de 2006
DDT e Malária
A Organização Mundial de Saúde está propondo a volta do DDT para controle do mosquito vetor da malária com pulverização em paredes e outras superfícies de casa, mas em doses menores. O uso fora de casa continua sendo não recomendado. The Wall Street Journal (14/09/06) noticia: DDT already is on a list of WHO-approved chemicals for indoor spraying. But until now, the agency hadn't strongly endorsed its use, and donors funding malaria programs were reluctant to finance purchases of it. As a result, countries hit hardest by malaria generally have been unable to afford substantial supplies.
The WHO's new stance is aimed partly at encouraging even countries that ban the pesticide to help finance its use in areas ravaged by the disease.
The spraying of DDT has led to a sharp reduction in malaria cases in the few countries where it has been used, such as South Africa. Malaria experts say it is one of the cheapest and most effective forms of prevention. But it must be sprayed in more than 70% of the homes in targeted areas, and nearby regions also must be sprayed to halt mosquitoes there from reintroducing the disease.
Some environmentalists link DDT with cancer and disruptions of the endocrine system, but scientists disagree about DDT's effects on human health. The fear is that spraying DDT in high-risk areas would increase other health risks without eliminating breeding grounds of mosquitoes that spread the disease.
Wider use of DDT "is shortsighted and doesn't recognize the long-term problems and hazards," said Jay Feldman, executive director of Beyond Pesticides, a Washington group pushing for the elimination of toxic pesticides. "It behooves us to advocate the phase-out of this chemical around the world and find solutions to malaria that go to the cause of infestation."
He says officials need to focus more on eliminating mosquito breeding grounds, such as standing pools of water.
Some African government officials have expressed concern that increased use of DDT could hurt exports of agricultural products to the European Union, where the pesticide has been widely banned for more than 20 years. The EU is the main trading partner for most African countries, with EU imports from developing African, Caribbean, and Pacific countries totaling some $36.04 billion (28.4 billion euros) in 2004.
The malaria parasite, borne by infected mosquitoes, clogs a patient's circulatory system, impeding blood flow to the brain and other vital organs. There are drugs for the disease, but some of the cheapest and most commonly used aren't very effective because the parasite has developed resistance. Other pesticides and malaria-fighting methods have often proved to be less-effective and more costly than DDT. Insecticide-treated mosquito nets hung in sleeping areas are successful, but cost, distribution problems and varying usage make them less effective than they could be. Malaria experts say deployment of a malaria vaccine that is now in development could still be years away.
Por outro lado, há o apoio decisivo do Global Fund:
Pressure has been growing in the past few years for the WHO to support DDT more aggressively. Jon Liden, a spokesman for the Global Fund, which pays for indoor DDT spraying in 41 countries, says the organization welcomes the WHO's move. "The Global Fund ... is ready to finance increased use of the strategy if affected countries request it," he says.
In 2004, Africa Fighting Malaria, a not-for-profit health-advocacy group, accused the agency of ignoring advice and research from malaria-control scientists who advocate indoor spraying of DDT.
The U.S. government has stepped up support for indoor pesticide spraying of homes in Africa. While it spent less than $1 million on such programs in 2005, it plans to spend $20 million in fiscal 2007, according to Admiral R. Timothy Ziemer, coordinator of the President's Malaria Initiative and the U.S. Agency for International Development's malaria programs. This year, the U.S. government purchased DDT for a spraying program in Zambia.
Gates Foundation e três doenças neglicenciadas.
The Wall Street Journal anuncia que The Bill & Melinda Gates Foundation irá disponibilizar $ 68 milhões para o Infectious Disease Research Institute of Seattle e, para três vacinas para doenças neglicenciadas: a leishmaniose visceral ou calazar, em laboratórios dos Estados Unidos, Brasil e Peru e, com ensaios de eficácia na India e África. Outro financiamento irá para a Chapel Hill, Carolina do Norte para desenvolver medicamento para a doença do sono, ou tripanossomíase africana que causa mais problemas no gado do que em humano. E, por último verbas para o Sabin Vaccine Institute of Washington, para uma vacina para ancilostomíase ou amarelão.
Comentário: tenho muitas dúvidas sobre a vacina para leishmaniose porque o mais importante sempre será a vigilância sanitária ou controle da população canina nas cidades cujo aumento é devido aos românticos e ingênuos defensores dos animais, não tenho opinião sobre o tratamento da doença do sono, mas acho uma perda enorme de tempo e dinheiro a vacina contra a ancilostomíase, afinal Monteiro Lobato já tinha prescrito botina para o nosso Jeca Tatú.
Duro golpe contra os stents farmacológicos.
Na semana anterior (ver email abaixo), novos resultados do estudo Basket realizado na Suíça e, apresentados no Congresso Mundial de Cardiologia mostravam as limitações dos stents farmacológicos em relação aos ordinários (no mercado americano o custo é de $2000 versus $800) que rapidamente tornaram-se os mais implantados. No início da semana, Circulation divulgava uma análise do estudo Awesome (Cost-Effectiveness of Coronary Artery Bypass Grafts Versus Percutaneous Coronary Intervention for Revascularization of High-Risk Patients ) que valorizava a angioplastia como um todo e, por tabela os stents farmacológicos. Nessa pesquisa, a aplicação da angioplastia depois de 5 anos teve um custo total de 81 790 for contra $100 522 para a revascularização cirúrgica, uma difeerença de $18 732 com a mesma sobrevida.
No meio da semana, no entanto, The New England Journal of Medicine publica dois ensaios clínicos, um com o stent farmacológico da Boston Scientific e outro estudo com o stent da Johnson & Johnson onde a a vantagem sobre o stent regular para o infarto do miocárdio foi somente "marginal". O faturamento conjunto das duas empresas para stents chega a $5 bilhões. Hoje, The Wall Street Journal anuncia que "The Food and Drug Administration said it will convene a public meeting of experts to discuss the risk of potentially deadly blood clots in patients who have received drug-coated cardiac stents. Studies have shown the incidence of clotting, or thrombosis, appears to be higher in drug-coated stents than in earlier-generation, bare-metal stents. The risk in the drug-coated variety also extends for a longer period of months after implantation. Last week, Boston Scientific acknowledged that its Taxus stent carried a statistically significant risk of clots appearing months after implantation compared with bare-metal stents. The agency has met with J&J and Boston Scientific to discuss the companies' data on thrombosis.
Ensaio Clínico de Não Inferioridade e o Viés de Delineamento.
Um tema urgente a ser discutido na ANVISA, CONEP, CEPs, Universidades: o uso cada vez maior dos estudos de "não inferioridade". A motivação desses estudos é nobre, de início, porque seria realizado naquelas situações onde avaliar um novo medicamento contra o placebo seria anti-ético e, o tratamento corriqueiro traz muitos efeitos colaterais. Assim, admite-se que até o novo medicamento seja "discretamente" inferior ao tratamento usual. No entanto, essa prática está se disseminando abrindo brechas no famoso "good clinical practice". O tema merece muito mais. Uma revisão recente pode ser vista em www.annals.org/cgi/content/abstract/145/1/62 , publicada no Annals of Internal Medicine. Quem quiser o texto original pode requisitar a esse blogue.
Leiam abaixo essa notícia publicada no The Wall Street Journal, onde pela primeira vez se descreve um no tipo de "conflito de interesse": viés contra o delineamento de estudo!!
The Food and Drug Administration took the unusual step of removing a member of one of its influential advisory committees after the maker of a drug under consideration complained about a potential conflict of interest.Thomas Fleming, a prominent statistician at the University of Washington, said the FDA late last week rescinded his invitation to serve on a committee that yesterday reviewed a new use for Factive, an antibiotic made by Oscient Pharmaceuticals Corp. In a Sept. 1 letter, Oscient complained to the FDA that, among other things, Dr. Fleming was biased against a type of trial design the company used.
Continua o texto:
" .....he might have a conflict of interest because he has publicly questioned tnoninferiority trial." In a noninferiority trial, used in FDA approvals of antibiotics, a new drug's efficacy has to be shown to be roughly equal to an old drug. Critics argue it isn't always clear how much better the old antibiotics are than placebo pills. So if a new drug is approved because its results are slightly, but not significantly, worse than those of an old drug, there is a risk that it hasn't actually done better than a sugar pillhe type of study used to prove Factive's efficacy, known as a sugar pill".
DCI: Extensão das patentes de medicamentos
O Diário do Comércio e Indústria (14/09/06) informa que laboratórios estrangeiros estão apelando ao Judiciário para que a licença de medicamentos cuja patente esteja sendo renovada ou estendida no país de origem, seja automaticamente aceita no Brasil. Com isso, os laboratórios teriam mais produtos no seu portfolio e, os genéricos seriam lançados mais tarde no mercado. A lei brasileira considera somente o primeiro pedido de patente e, não aceita a “patente secundária” ou a “continuação” do registro. Em 2006, 55 medicamentos perderão a licença, mas em 2008 serão 102 e, em 2010 mais 155 medicamentos poderão ser comercializados como genéricos.
terça-feira, 12 de setembro de 2006
Criar os Centros de Segurança Medicamentosa.
No editorial de David Graham no JAMA sobre os inibidores da Cox-2 apresentado abaixo há uma sugestão que vem a calhar na pauta dos Centros de Pesquisa Clínica financiados pelo Ministério da Saúde: O Centro de Segurança Medicamentosa.
Only Congress can help prevent this from happening again by enacting legislation to create a separate and independent Center for Post-Marketing Safety within the FDA, empowered with the authority to identify and effectively deal with unsafe medicines and the companies that market them.
O Centro de Segurança Medicamentosa organizaria bancos de dados de paciente em uso de medicamentos específicos para seguimento longitudinal observando eventos graves como morte, infarto do miocárdio e câncer, por exemplo. Essa proposta custará muito, porém é factível no mundo informatizado. Por exemplo, podemos trabalhar tanto na dispensação das unidades básicas de saúde que estão bem equipadas em várias cidades, bem como com as redes de farmácias privadas. No momento, há publicações de bancos de dados do Health Gruoup e Kaiser-Permanent dos Estados Unidos e da província de Saskatcheuam no Canadá que analisam o medicamento em uso e desfechos clínicos. Será deles a saída para a confusão em todos dos anti-inflamatórios não-hormonais.
Pela limitação do uso de anti-inflamatórios não-hormonais.
JAMA publica mais dois artigos que mostram o risco do inibidores da Cox-2 e, mesmo de outros anti-inflamatórios. Uma metanálise mostra um dado novo, o risco cardiovascular aumentado para o diclofenaco e ibuprofeno. Salva-se o naproxeno. O resumo do resultado é o seguinte:
Data were combined using a random-effects model. A dose-related risk was evident with rofecoxib, summary relative risk with 25 mg/d or less, 1.33 (95% confidence interval [CI], 1.00-1.79) and 2.19 (95% CI, 1.64-2.91) with more than 25 mg/d. The risk was elevated during the first month of treatment. Celecoxib was not associated with an elevated risk of vascular occlusion, summary relative risk 1.06 (95% CI, 0.91-1.23). Among older nonselective drugs, diclofenac had the highest risk with a summary relative risk of 1.40 (95% CI, 1.16-1.70). The other drugs had summary relative risks close to 1: naproxen, 0.97 (95% CI, 0.87-1.07); piroxicam, 1.06 (95% CI, 0.70-1.59); and ibuprofen, 1.07 (95% CI, 0.97-1.18).
O destaque principal é para o editorial de David Graham denominado “COX-2 Inhibitors, Other NSAIDs, and Cardiovascular Risk. The Seduction of Common Sense”. Alguns tópicos merecem destaque como:
(1) resumindo (parênteses meus): What does this all mean? First, rofecoxib (Vioxx) increases the risk of acute MI (infarto do miocardio) at low and high doses. This risk begins early in therapy, probably with the first dose. There is no initial 18-month period of immunity from risk. Celecoxib (Celebra) also increases risk at doses higher than 200 mg/d; at lower doses, the potential risk is less clear. Several other NSAIDs increase risk, including the COX-2 selective NSAIDs diclofenac (Voltaren) and meloxicam, and the nonselective NSAID indomethacin (Indocid), and probably ibuprofen (Motrin). Meta-analyses of randomized clinical trials and observational studies agree that naproxen is neutral for MI risk.
(2) sugerindo aos médicos: What should physicians do? For most patients with arthritis or other conditions who require chronic pain relief, naproxen appears to be the safest NSAID choice from a cardiovascular perspective. For patients at high risk of NSAID-related gastrointestinal tract complications, naproxen plus a proton pump inhibitor is less costly and as effective, and probably safer, than low-dose celecoxib.
Em resumo, abandonar qualquer anti-inflamatório não hormonal inibidor da Cox-2, bem como outros como diclofenaco e ibuprofeno, ou seja resta somente naproxeno. No caso de irritação gástrica, associar inibidor de bomba.
O texto completo do editorial e mais dois artigos sobre o tema podem ser acessados sem ônus na página do JAMA para quem se cadastrar.
Comentário: tudo que começa mal e apressado evolui pior ainda, como ocorreu com a aprovação dos inibidores da Cox-2. Metanálise não é o melhor delineamento para verifcar risco, porém o único possível. Resta agora estudar bancos de dados já estruturados com menção ao uso de todos os antiinflamatórios.
segunda-feira, 11 de setembro de 2006
Chrysler nos EUA quer acordo para plano de saúde
A Gazeta Mercantil (11/09/06) noticia que nos Estados Unidos, a Daimler-Chrysler está negociando com o sindicato dos trabalhadores da indústria automobilística a redução do gasto anual de US$ 2,8 bilhões do plano de saúde próprio da empresa. A Chrysler solicita do sindicato, o mesmo acordo que permitiu à Ford e à General Motors a diminuição do valor aportado ao seguro-saúde de seus empregados.
Comentário: o custo da assistência médica está tão elevado, que nem a indústria automobilística agüenta pagar, mesmo com o retorno em produtividade proporcionado pelo seguro-saúde. Essa informação é muito importante, porque no Brasil ainda há pessoas com responsabilidade em empresas e no serviço público que não se deram conta da gravidade da situação da assistência médica. Ver os posts abaixo sobre stents, neseritide, coração artificial e Nexium com exemplos pontuais do problema.
domingo, 10 de setembro de 2006
Leitura de domingo: Publicações científicas e Felicidade
Nesse domingo (10/09/06) os conselheiros da saúde saíram da cidade. Isso permitiu que O Estado de São Paulo publicasse duas páginas criticando as principais publicações científicas. Citou três exemplos gritantes na Science e na Nature, mas haveria vários outros. Entrevistou vários cientistas, discutiu o preconceito velado contra pesquisadores fora dos grandes centros e, até mostrou que o problema maior é a "panela de citações", agora induzida e organizada pelas próprias revistas. Para finalizar, ainda entrevistou a editora da Nature. Em suma, uma reportagem de qualidade.
Comentário: o preconceito existe em todo o momento, mesmo dentro dos EUA com as universidades menores e, muito no Brasil. Na experiência de seis anos como editor médico afirmo que há uma certa "ação afirmativa" com os artigos enviados por pesquisadores de escolas e hospitais menos tradicionais e, rigor mais com artigos originados em "universidades de ponta".
A Folha de S. Paulo mostrou que a proporção de pessoas felizes no país é elevada (78%) e, aumentou em dez anos. Que decepção! Resolveram brigar com os números, desqualificar os felizes, imputar a quem respondeu "sim" ao que lhe era perguntado, uma séria de características que não podem ser deduzidas da pesquisa. Que coisa chata, um dado tão importante e, obtido com qualidade muito boa do Datafolha foi condenado. Uma provocação: qual a proporção de pessoas felizes nas redações de jornal? Em tempo, estou com a maioria!!
WSJ: Seguro saúde cancela dispensação de "Nexium "
The Wall Street Journal (07/09/06) informa que "UnitedHealth Group Inc., the country's second-largest health insurer, said Thursday it has decided to stop paying for Nexium, a drug for acid reflux, because there are less expensive, equally effective options available. It is unusual for a health insurer to completely stop paying for a medicine, but UnitedHealth said the move can save it about $150 million -- roughly half the amount it spends on the group of drugs known as proton pump inhibitors. For the vast majority of UnitedHealth's plans, the move went into effect this month. The rest will follow by the beginning of next year. UnitedHealth said proton pump inhibitors account for 3% of the $10 billion it is spending annually on medicines -- the second most expensive group after cholesterol-lowering statins."
Comentário: O Nexium -esopremazol - é mais um dos bloqueadores de bomba protiônica no mercado. O seu preço no Brasil é maior do que o do lansoprazol, porém sempre há o argumento de que a potência maior do medicamento mais caro, tornará o tratamento com preço equivalente ou menor. Um bom exercício a ser realizado.
Um detalhe importante: há uma cultura equivocada em tratar preventivamente "úlcera de estresse" motivado por internações, por isso há um abuso de prescrições profiláticas, primeiro foram os anti-ácidos, depois os bloqueadores H2 e, agora os inibidores da bomba protiônica. Ou seja, trata-se de momento onde se consegue reduzir custo e, melhorar qualidade, afinal acidez estomacal é benéfica ao ser humano......
NYT: A história do tratamento para depressão refratária pelo Skip.
The New York Times (10/09/06) apresenta extensa reportagem sobre o estimulador vagal - inicialmente utilizado para epilepsia - e, hoje proposta para tratamento da depressão refratária a medicamentos e ao eletrochoque. Ele é conhecido como Skip. O FDA nomeou comissão que recomendou a aprovação, mas dois meses depois resolveu negar a permissão de uso. O número de pacientes com indicação de uso é grande quando comparado ao de epilépticos, o que motivou a batalha da empresa Cyberonics em conseguir a sua aprovação. O custo do equipamento é de US$ 15 mil e, o implante custará nos EUA mais US$ 10 mil.
O tema tratamento da depressão será cada vez mais frequente devido à prevalência elevada da doença.
A reportagem completa poderá ser lida para quem se inscrever gratuitamente na página http://www.nytimes.com e o explicação do funcionamento do aparelho apresentado na figura poderá consultado na página da empresa em
http://www.vnstherapy.com/depression/main.asp
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