Um local inusitado para o anúncio de medicamento, o “Exjade”: a coluna social “Persona” do Estadão (02/09/06). A nota diz afirma que trata-se “ primeiro medicamento oral de administração diária para a sobrecarga de ferro no organismo que pode acarretar danos ao fígado, glândulas endócrinas (sic) e coração”. O "Exjade" é o deferasirox um quelante de ferro cuja informação completa pode ser consutada em http://www.exjade.com, porém não há informação completa em português. Interessante que a notícia publicada em setembro como exclusiva, de fato encontra-se divulgada no país desde fevereiro de 2006 quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou o seu uso para talassemia, anemia falciforme e síndromes mielodisplásicas. Ou seja, são situações clínicas pouco freqüentes, mesmo quando considerada a hemocromatosose, a prevalência é baixa. Afinal, porque o destaque agora ? Estranho o mundo da divulgação farmacêutica!
Em tempo: a vinda de um medicamento oral para reduzir o ferro representa um sossego para os talassêmicos que sofrem com injeções e bombas de infusão. A prevalência da beta-talassemia no Brasil é elevada devido à imigração italiana e levantina que são os portadores principais dos genes da talassemia. Infelizmente, há médicos que confundem a microcitose da talassemia com deficiência de ferro e, prescrevem o que menos um talassêmico precisa, o ferro. Obviamente, o medicamento será de alto custo e bancado pelo Sistema Único de Saúde.