sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

HU USP: pesquisa e inovação em cicatrização

O Jornal Nacional divulgou a pesquisa do médico Fábio Kamamoto do Hospital Universitário da USP sobre cicatrização. Clique aqui para ver a matéria apresentada por Graziela Azevedo.
Meus cumprimentos a ele, ao seu mentor professor Marcus Castro Ferreira, ao professor da Escola Politécnica, José Carlos de Moraes e a toda equipe de enfermagem do HU.
Mais um exemplo para os especialistas em "decadência da USP" e "falência da saúde pública".
USP desenvolve tratamento barato de cicatrização Pesquisadores brasileiros desenvolveram um tratamento de custo baixíssimo que pode ajudar milhões de pacientes com dificuldades de cicatrização. Vamos ver na reportagem de Graziela Azevedo. Da escova usada para lavar as mãos é aproveitada a esponja esterilizada. As mangueiras plásticas e a rede de vácuo são as mesmas sobre os leitos de qualquer hospital. Foi com materiais simples que um médico desenvolveu um curativo capaz de mudar a vida dos pacientes. O eletricista Carlos Alberto Oliveira correu o risco de perder a perna depois de um acidente de moto, o corte profundo e infeccionado não cicatrizava. O quadro mudou em sete dias com o uso do novo curativo. “Foi um alívio com certeza, porque eu podia perder minha perna. Graças a esse curativo, eu estou com ela firme e forte para outra”. O médico demonstra como o curativo funciona: feridas provocadas por acidentes, queimaduras ou diabetes são cobertas pelas esponjas e envolvidas com plástico adesivo, um tubo ligado à rede de vácuo faz uma sucção constante. Essa drenagem impede infecções e promove a multiplicação de vasos e a regeneração do tecido. A novidade ajudou o contador João Pinter Neto a se livrar do corte que não fechava depois de uma cirurgia complicada. “Depois de três dias que foi instalado esse sistema, você já percebe a diferença, porque o corte vai se fechando” O curativo a vácuo desenvolvido no hospital da Universidade de São Paulo tem o mesmo resultado do similar importado, usado em hospitais particulares. O que muda, e muito, é o preço, o que faz toda a diferença na hora de tratar quem não pode pagar. De R$ 3 mil a R$ 4 mil por semana, o preço dos curativos cai para cerca de R$ 30. O sistema, aperfeiçoado com ajuda de engenheiros da escola politécnica, foi patenteado e já pode ser usado por qualquer um que precisar. “A idéia é divulgar conhecimento, difundir um tratamento que vai ser mais eficiente, que vai ter um custo mais acessível para todas as pessoas do país inteiro”, declarou o médico Fábio Kamamoto.

Sepse: como a "Agenda Caras" poderá suplantar a "Agenda Científica"

Quando o jogador de futebol Serginho do São Caetano morreu em campo em 2004, na manhã seguinte o lobby dos vendedores desfibriladores para reverter arritmias cardíacas tomou de assalto a imprensa na tentativa de mostrar que uma vida seria salva com esse equipamento. Leis locais foram promulgadas obrigando a compra do equipamento em próprios municipais.
Agora há uma enorme chance de chegar a Brasília, uma proposta fantástica que seria a do SUS disponibilizar vários medicamentos para sepse. Alguns, poderão ter um futuro como a alfadrotrecogina. Mas, a revisão abaixo transcrita mostra a necessidade de novos estudos. O custo de adotar esse medicamento seria de quase um bilhão de reais por ano a mais para o SUS em edição Boletim Brasileiro de Avaliação em Tecnologia de Saúde: alfadrotrecogina para o tratamento da sepse grave.
Nota importante: a unidade de terapia do Hospital Universitário da USP faz parte de estudo multicêntrico testando a alfadrotrecogina patrocinado pela Ely Lilli.
Human recombinant activated protein C for severe sepsis. Marti-Carvajal A; Salanti G; Cardona A Human recombinant activated protein C for severe sepsis. Martí-Carvajal A, Salanti G, Cardona AF. Universidad de Carabobo, Departamento de Salud Pública, Centro Colaborador Venezolano de la Red Cochrane Iberoamericana, Valencia, Edo. Carabobo, Venezuela, 2001. amarti@uc.edu.ve BACKGROUND: Sepsis is a common, expensive and frequently fatal condition. There is an urgent need for developing new therapies to further reduce severe sepsis-induced mortality. One of those approaches is the use of human recombinant activated protein C (APC). OBJECTIVES: We assessed the clinical effectiveness of APC for the treatment of patients with severe sepsis or septic shock. SEARCH STRATEGY: We searched the Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library 2005, Issue 2); MEDLINE (1966 to 2005); EMBASE (1980 to 2005) and LILACS (1982 to 2005). We contacted researchers and organizations working in the field. We did not have any language restriction. SELECTION CRITERIA: We included randomized controlled trials (RCTs) assessing the effects of APC for severe sepsis in adults and children. We excluded studies on neonates. DATA COLLECTION AND ANALYSIS: We independently performed study selection, quality assessment and data extraction. We estimated relative risks (RR) for dichotomous outcomes. We measured statistical heterogeneity using I-squared (I(2)). We used a random-effects model. MAIN RESULTS: We included four studies involving 4911 participants (4434 adults and 477 paediatric patients). For 28-day mortality, APC did not reduce the risk of death in adult participants with severe sepsis (pooled RR 0.92, 95% confidence interval (CI) 0.72 to 1.18; P = 0.50, I(2) = 72%). The effectiveness of APC did not seem to be associated with the degree of severity of sepsis (two studies): for an APACHE II score less than 25 the RR was 1.04 (95% CI 0.89 to 1.21; P = 0.70), and in participants with an APACHE II score of 25 or more the RR was 0.90 (95% CI 0.54 to 1.49; P = 0.68). APC use was, however, associated with a higher risk of bleeding (RR 1.48 (95% CI 1.07 to 2.06; P = 0.02, I(2) = 8%). Two studies were stopped early because there was little chance of reaching the efficacy endpoint by completion of the trial. AUTHORS' CONCLUSIONS: This updated review found no evidence suggesting that APC should be used for treating patients with severe sepsis or septic shock. Additionally, APC seems to be associated with a higher risk of bleeding. Unless additional RCTs provide evidence of a treatment effect, policy-makers, clinicians and academics should not promote the use of APC.

Um pouco de informação sobre sepse: epidemiologia

Para ajudar encerrar a onda de bobagem deflagrada com a "superbactéria" , que resultou na "saúde pública em versão Caras" e continuou na "infecção midiática" apresento o resumo da epidemiologia da sepse nos Estados Unidos. Notem o tamanho do problema e, principalmente do ponto de vista de custo-efetividade.
Epidemiology of severe sepsis in the United States: analysis of incidence, outcome, and associated costs of care. Angus DC; Linde-Zwirble WT; Lidicker J; Clermont G; Carcillo J; Pinsky MR Crit Care Med 2001 Jul;29(7):1303-10. OBJECTIVE: To determine the incidence, cost, and outcome of severe sepsis in the United States. DESIGN: Observational cohort study. SETTING: All nonfederal hospitals (n = 847) in seven U.S. states. PATIENTS: All patients (n = 192,980) meeting criteria for severe sepsis based on the International Classification of Diseases, Ninth Revision, Clinical Modification. INTERVENTIONS: None. MEASUREMENTS AND MAIN RESULTS: We linked all 1995 state hospital discharge records (n = 6,621,559) from seven large states with population and hospital data from the U.S. Census, the Centers for Disease Control, the Health Care Financing Administration, and the American Hospital Association. We defined severe sepsis as documented infection and acute organ dysfunction using criteria based on the International Classification of Diseases, Ninth Revision, Clinical Modification. We validated these criteria against prospective clinical and physiologic criteria in a subset of five hospitals. We generated national age- and gender-adjusted estimates of incidence, cost, and outcome. We identified 192,980 cases, yielding national estimates of 751,000 cases (3.0 cases per 1,000 population and 2.26 cases per 100 hospital discharges), of whom 383,000 (51.1%) received intensive care and an additional 130,000 (17.3%) were ventilated in an intermediate care unit or cared for in a coronary care unit. Incidence increased >100-fold with age (0.2/1,000 in children to 26.2/1,000 in those >85 yrs old). Mortality was 28.6%, or 215,000 deaths nationally, and also increased with age, from 10% in children to 38.4% in those >85 yrs old. Women had lower age-specific incidence and mortality, but the difference in mortality was explained by differences in underlying disease and the site of infection. The average costs per case were $22,100, with annual total costs of $16.7 billion nationally. Costs were higher in infants, nonsurvivors, intensive care unit patients, surgical patients, and patients with more organ failure. The incidence was projected to increase by 1.5% per annum. CONCLUSIONS: Severe sepsis is a common, expensive, and frequently fatal condition, with as many deaths annually as those from acute myocardial infarction. It is especially common in the elderly and is likely to increase substantially as the U.S. population ages

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mais uma vez, a crise e decadência da Universidade de São Paulo

Comentei há seis meses em A decadência continua ... que viva a decadência ! que em 1975 era dado como líquido e certo que os Estados Unidos, o futebol brasileiro, o carnaval carioca e a Universidade de São Paulo já tinham tido seu esplendor. Novamente, a USP comprova a sua decadência.
Pesquisa coloca USP como a 87ª melhor universidade do mundo Leornado Feder. A USP foi classificada como a 87ª melhor universidade do mundo pela pesquisa "Webometrics Ranking of World Universities", que é feita por um grupo do CSIC (Conselho Superior de Investigações Científicas), ligado ao Ministério da Educação espanhol. O instituto monta esse ranking a partir da análise das publicações eletrônicas nos sites das universidades, pois, em sua avaliação, eles refletem sua excelência e seu prestígio acadêmico. O objetivo do levantamento é estimular as universidades que não tem o costume de colocar os conhecimentos produzidos na internet a fazer isso. A pesquisa considera mais de 16 mil instituições de ensino superior pelo mundo e divulga seus resultados duas vezes por ano, em julho e em janeiro. Clique aqui para conferir o ranking. As 20 primeiras universidades da classificação do CSIC são norte-americanas --a primeira é o Massachusetts Institute of Technology (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Das universidades brasileiras citadas, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) obteve o 159º lugar, a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o 285º, e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o 299º. Critérios Para calcular a pontuação da universidade, o instituto faz a média ponderada de quatro critérios baseados no conteúdo dos sites das universidades. A quantidade do material é calculada com instrumentos de busca, Google, Yahoo, Live Search e Exalead. O critério mais valioso é a visibilidade (50%), medida pelo número de links externos exclusivos recebidos pelo site da universidade. O segundo de maior peso é o tamanho (20%), medido pelo número de páginas do site da universidade, que indica seu grau da internacionalização. Outro critério é o número de arquivos (15%) contidos no site da universidade que tenham, na avaliação do instituto, relevância acadêmica e estejam salvos em formato Adobe Acrobat (.pdf), Adobe PostScript (.ps), Microsoft Word (.doc) ou Microsoft Powerpoint (.ppt). Por último, com peso de 15%, também é considerado o número de documentos, artigos e citações de cada área acadêmica.

Infecção midiática

Hoje, os jornais falam de mais um caso, a de uma nutricionista (qual a importância da profissão???) que se encontra em sepse e teve extremidades amputadas. Com todo o respeito aos doentes e familiares, pergunto: qual a novidade? Na primeira aula que tive sobre o tema (1977) o professor já apresentou os slides de casos semelhantes e, a explicação fisiopatológica. No decorrer da vida profissional observei vários casos de sepse com essa complicação. Mas, repito, porque tanto interesse?
1. falta de notícia no verão, tal como aconteceu com a "epidemia" de febre amarela em 2008;
2. vontade incontida de médicos comentarem caso clínico que desconhecem (e, pior mostrarem ignorância sobre o tema);
3. interesse da Big Pharma, em conseguir que o SUS financie um blockbuster para sepse que até o momento não se comprovou custo-efetivo;.
4.oportunidade de decretar mais uma vez a 'falência da saúde pública", afinal o hospital que a atendeu era estadual;
5. momento de afirmar que mais uma vez houve "erro médico", que a "máfia de branco" etc etc
Aguardo, com ansiedade as novidades no campo médico, como por exemplo: o câncer se espalha à distância ou derrame cerebral pode levar ao coma ou......

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

SUS, Olinda e Ouro Preto

O Fórum Social Mundial da Saúde lançou uma palavra de ordem: SUS, Patrimônio da Humanidade! E, considera que com isso melhorará a vida de todos. Cada um age da forma mais apropriada para alcançar seus objetivos. SUS, Olinda e Ouro Preto não combinam. Nesse blogue se publica com insistência todas as ações positivas da assim chamada "saúde pública" (nome que os detratores aplicam ao SUS) e, principalmente contra os propagadores da "falência da saúde pública". Tudo seria bonito e delicioso, se a vida real fosse um happening como esse, principalmente realizado em Belém do Pará.
Mas, a realidade é diferente. Parte considerável dos presentes nesse evento defendem interesses específicos: de corporações ou de portadores de doenças específicas. Poucos entendem o SUS como um dos maiores exercícios de cidadania vividos nesse país. Quase nenhum dos presentes aceita formas avançadas de gestão e de controle efetivo. Confundem o SUS com a administração direta do Estado.
Em tempo: ao contrário do afirmado na reportagem abaixo da Agência Brasil, a mortalidade infantil apresenta taxas declinantes bem antes de 1988 (Constituição) e 1990 (Lei Orgânica).
Ativistas defendem candidatura do SUS a patrimônio imaterial da humanidade Amanda CieglinskiEnviada Especial Belém - Os participantes do Fórum Social Mundial da Saúde (FSMS) vão lançar a candidatura do Sistema Único de Saúde (SUS) a patrimônio imaterial da humanidade. A idéia foi apresentada na manhã de hoje (26), durante ato político que contou com a participação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Ele afirmou que vai garantir apoio político para a idéia, que classificou como inovadora. Segundo ele, essa é a primeira vez que uma política pública será patrimônio da humanidade. “É uma iniciativa dos movimentos populares e acho importante pela abrangência do SUS e pelo fato de que ele atende indistintamente todas as etinas, todas as nacionalidades que vivem no Brasil”, afirmou Temporão. O FSMS discute desde ontem a implantação de sistemas universais de sáude em todo o mundo. Temporão ressaltou que o Brasil é um exemplo, já que poucos países adotam o sistema de atendimento universal. Ente eles, Inglaterra, Portugal e Canadá. “Esse modelo ganha cada vez mais importância em um momento de crise econômica como o atual, porque ela vai causar um aumento do desemprego e as pessoas serão atendidas no sistema público. Eu, que sou militante da causa, apóio que o mundo inteiro seja atendido por sistemas universais”, defendeu o ministro. Temporão afirmou que o SUS ainda tem suas “fragilidades”. “Um exemplo é o subfinanciamento crônico que impede que esse processo de extensão da cobertura se dê com mais qualidade. Outra questão é a gestão: há o desafio permanente de como usar com mais eficiência o recurso.” Outra novidade apresentada na manhã de hoje durante o Fórum foi o lançamento da I Conferência Mundial dos Sistemas Universais da Saúde, que será realizada no Brasil. Embora a data ainda não tenha sido definida, a previsão é que ocorra entre 2009 e 2010. A queda na mortalidade infantil, o programa de combate à Aids e o Saúde na Família foram citados pelo ministro como exemplo do saldo positivo do SUS durante seus 20 anos de existência.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Estamos mal, muito mal

Quando o Ministro da Saúde é instado a responder sobre o caso clínico de uma modelo e, responde é porque estamos mal. Sim, a sociedade brasileira está sem foco. Não sabe o que é prioridade. As verbas de pesquisa foram cortadas em mais um bilhão de reais. Há em cada hospital público no mínimo 15 pessoas com indicação de internação, mas sem vaga. O dengue vem aí, novamente. Mas, o importante é a modelo capixaba. As celebridades dão o tom do país, até mortas. Chegamos à medicina e saúde pública padrão "Caras".
Caso de modelo capixaba foi "extremo", afirma Temporão DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, classificou ontem de "extremo" o caso da modelo capixaba Mariana Bridi, 20, que morreu na madrugada de sábado em Serra (ES) em decorrência de uma infecção urinária que evoluiu para sepse grave (infecção generalizada)."É um caso extremo. Raro, raríssimo", disse. "Eu não entrei em detalhes da análise do caso. Mas, conversando com alguns colegas, especialistas, [eles] ficaram surpresos com a evolução", afirmou o ministro, depois de participar da terceira edição do Fórum Mundial da Saúde, em Belém (PA).O encontro é um dos eventos ligados ao Fórum Social Mundial, que começa hoje na capital do Pará.Para Temporão, a investigação do caso deve ser feita "no âmbito da Secretaria da Saúde" do Espírito Santo.A doença de Mariana evoluiu a partir de uma infecção urinária causada pela bactéria Pseudomonas aeruginosa.Ela ficou cerca de 20 dias internada no hospital estadual Dório Silva. Sua situação se complicou depois que as bactérias atingiram a corrente sanguínea e ela sofreu necrose nos pés e nas mãos, que foram amputados.Partes dos rins e do estômago da modelo também foram retiradas. Por fim, o quadro evoluiu para uma infecção generalizada.Mariana Bridi ficou em quarto lugar no Miss Mundo Brasil, em 2007.(JOÃO CARLOS MAGALHÃES)

domingo, 25 de janeiro de 2009

Um sábado de sol no presídio do Barro Branco em 1978/79

Nos ano de 1978/79, acadêmico de medicina na USP, militante do movimento estudantil, atuava em várias ações do Comitê Brasileiro de Anistia. Uma atividade era visitar os presos políticos no presídio do Barro Branco, zona norte de São Paulo, aos sábados. Lá conheci um preso que foi libertado em 1979 com a Anistia e, continua militando até agora no PT. Em 1966, ele foi falsamente acusado de lançar uma bomba em um aeroporto (nem a então "justiça militar" aceitou a denúncia).
Conversamos um pouco sobre política (nenhuma convergência à época), movimento estudantil (ele não aceitava um congresso da UNE em Salvador, deveria ser em São Paulo) e, chegamos a um único ponto comum: ambos éramos "oriundi". Disse-me ele que o Cônsul da Itália o visitou na prisão logo após sua chegada. O representante consular mostrou que por direito, ele poderia requisitar a cidadania italiana. Esse fato redundaria em um pedido por parte do "governo da Bota" na sua transferência para a Itália. Seria um caso juridicamente confuso, mas que significaria uma reprovação ao governo brasileiro. Ele declinou a proposta porque a sua luta era aqui no Brasil.
Fica o relato, sem o nome, mas que é de fácil identificação para quem é do "meio".
Nosso protagonista poderá ou não confirmar o fato (entendo as conveniências políticas, principalmente as de dentro do PT), mas que aconteceu, aconteceu.
Naquele momento, o Brasile era uma ditadura, que deixou de ser, e a Itália era e continua sendo uma democracia. Apesar de vacilar no golpe da Argentina em 1976, a Itália até hoje persegue os torturadores de ítalo-argentinos da ditadura platina de 1976-83. (fonte: blogue do Nelson Franco Jobim)

O corte na Ciência & Tecnologia passou despercebido

A Folha de S.Paulo nessa semana foi o único órgão de imprensa a noticiar o corte de mais de um bilhão de reais no orçamento de ciência e tecnologia. Hoje, na própria Folha, um artigo dos presidentes da Sociedade Brasileira para o Progesso da Ciência (Raupp) e da Sociedade Brasileira de Física (Chaves).
Congresso penaliza ciência e tecnologia por Marco Antônio Raupp e Alaor Chaves. Se o Brasil quer manter as esperanças de se tornar mais inovador e competitivo, é imperativo que se reveja o orçamento para C&T. Ao formular Orçamento da União para o ano de 2009, o Congresso Nacional penalizou com especial severidade a área de ciência e tecnologia (C&T). O orçamento do ministério da área (MCT) sofreu corte de R$ 1,12 bilhão, equivalente a 52% do proposto pelo Executivo. A Capes, órgão do Ministério da Educação que cuida da avaliação e do fomento de nossos cursos de pós-graduação -responsável pela maior parte das bolsas desse nível no país-, sofreu cortes próximos de R$ 1 bilhão, quase metade do previsto.
No entanto, o mais importante foi o excelente comentário do ombudsman que pegou o gancho do discurso de Barack Obama sobre a importância da ciência para uma sociedade.
Como o ombusdman é pago para avaliar a Folha, sua crítica foi dirigida ao jornal, mas pode ser estendida a todos nós: acadêmicos, sociedades de cientistas, intelectuais e imprensa que se preocupam mais com fofocas do Congresso (e, da política) do que com fatos que interferem no trabalho de todos nós com impacto para toda a sociedade.
Depois do mal feito... (Carlos Eduardo Lins da Silva) De setembro a dezembro, ela realizou diversas sessões. Só depois que a decisão foi tomada o assunto apareceu aqui. Quando a divulgação da ameaça de corte poderia ter alertado entidades e indivíduos para se mobilizarem a fim de impedi-lo, nada ou quase nada se publicou a respeito.É mais um exemplo de como é ineficaz e burocrática a maneira como o jornal cuida dos assuntos do Congresso Nacional. Não faltam espaço e repórteres para ouvir conversa fiada e reproduzir declarações cínicas que só interessam aos que as fazem.O diz-que-diz inconsequente, as pequenas fofocas, os balões de ensaio de deputados e senadores em busca de cargos e poder, para estes há sempre lugar nestas páginas.Mas colocar alguém para acompanhar sistematicamente o trabalho das comissões, na de Orçamento, por exemplo, e verificar se absurdos como esse corte estão sendo perpetrados contra o interesse público, isso o jornal não faz.

E nos blogues os urubus passeiam a tarde inteira. Entre os girassóis.

Já comentei o quanto odeio os urubus da imprensa, aqueles que não podem ver um cadáver para voar em cima. Falei também daqueles que entendem de tudo e, falam de transponder, grua, grooving com facilidade imensa. Para quem não lembra são referências ao acidente do avião da Gol, do buraco do metro em Pinheiros, São Paulo e do acidente do avião da TAM, respectivamente.
Agora, um caso triste e complicado, ocasionou a morte de uma modelo no Espírito Santo. Esse episódio ganhou manchetes e, pasmem uma lista de comentários em blogues. Em um blogue havia 53 palpites sobre o tema. Inventaram uma tal de "superbactéria", que talvez seja uma "agente sionista ou imperialista". Depois dessa superbactéria "neoliberal" seguia uma enormidade de desinformação.
Por justiça, havia dois correspondentes sensatos conclamando a não se politizar um fato médico.
Continuando com Caetano Veloso em Tropicália
No pulso esquerdo bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes