sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: edição do The Lancet

The Lancet publica edição dedicada à doença pulmonar obstrutiva crônica, DPOC, uma situação clínica crítica que provoca muitas internações e, um pouco menos de mortes do que as doenças cardiovasculares e o cânceres. A prevalência é elevada, quase 10% da população. A determinação da doença pelo tabagismo é direta. Destaco o exemplo da China onde há um número expressivo de mortes por DPOC em fumantes passivos. Nesse mesmo país, relata outra reportagem da revista, as autoridades econômicas são contra qualquer tipo de controle do tabagismo. Conhecemos esse argumento há décadas no Brasil, até que um dos seus propositores morreu precocemente de câncer de pulmão.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Etnia e mortalidade infantil em Pelotas, RS.

No American Journal of Public Health artigo de Alicia Matijasevich da Universidade Federal de Pelotas mostrando as diferenças na mortalidade infantil de acordo as raças na cidade de Pelotas. Artigo completo solicitar para amatija@yahoo.com Abstract Objectives. We analyzed trends in mortality among infants born to White and to Black or mixed-race women in 3 population-based cohorts representing all births in 1982, 1993, and 2004 in Pelotas, southern Brazil. Methods. Births were assessed during daily visits to all maternity hospitals. Maternal skin color was classified by the interviewers as White or Black or multiracial. We used logistic regression to adjust for socioeconomic, demographic, and health services variables. Results. The mortality rate among infants born to White mothers declined from 30.4 per 1000 live births in 1982 to 13.9 per 1000 in 2004, compared with 53.8 per 1000 to 30.4 per 1000 among those born to Black and mixed-race mothers. Differences for neonatal mortality were even more marked, with reductions of 47% and 11% for infants born to White and Black or mixed-race women, respectively. Adjusted analyses showed that ethnic group differences in neonatal and infant mortality were partly explained by differences in poverty and prenatal care. Conclusions. Over a 22-year period, improvements in health indicators were greater for infants born to White women than for other infants. The widening racial gap requires special attention from policymakers

Obesidade, uma característica associada à pobreza

Mais um artigo com dados das ótimas pesquisas do IBGE e Ministério da Sáude há 30 anos. Trata-se de publicação no American Journal of Public Health do professor Carlos Augusto Monteiro da Faculdade de Saúde Pública da USP. Artigo completo pode ser solicitado a carlosam@usp.br
Objectives. We sought to update income-specific secular trends in obesity in Brazil to assess the hypothesis that the disease burden is shifting toward the poor. Methods. We compared overall and income-specific obesity prevalence rates estimated for Brazilian men and women from national surveys conducted in 1975, 1989, and 2003. We calculated age-adjusted prevalence ratios to assess time trends. Results. In the first 14-year period examined (1975–1989), obesity rates among men and women increased by 92% and 63%, respectively, and increases were relatively higher among individuals in lower income groups. In the second 14-year period (1989–2003), there were further increases in obesity among men, and again increases were larger among the poor. In this second period, the obesity rate remained virtually stable in the overall female population, but it increased by 26% among women in the 2 lower income quintiles and decreased by 10% among women in the 3 higher income quintiles. Conclusions. We uncovered, for the first time in a developing country, solid national-level evidence that the burden of obesity is shifting toward the poor.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Assista o Simpósio sobre Inovação em Saúde na USP

Ao vivo, acesse http://iptv.usp.br. Hoje, das 08 às 18 horas muito debate sobre Inovação em Saúde na Universidade de São Paulo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Cooperativas médicas, porque não? Outros profissionais, melhor não.

Comento reportagem da Folha de S. Paulo sobre a crise da assistência médica no Nordeste.
Crise na saúde revela poder das cooperativas A greve dos médicos em Estados do Nordeste revelou um fenômeno novo no país: governos estaduais e municipais têm se tornado reféns das cooperativas médicas, que funcionam como intermediárias entre as instituições e os profissionais.A avaliação é de pesquisadores e de gestores públicos, que vêem com preocupação o avanço dessa força de trabalho no SUS. Ao menos 20% dos 350 mil médicos brasileiros já estão cooperativados, segundo a federação nacional dessas entidades (Fencom), que reúne 43 cooperativas no país.O poder das cooperativas chegou a um tal nível que Estados como Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Espírito Santo dependem delas para compor o quadro de profissionais -sobram vagas nos concursos públicos.A equação é simples: desmotivados pelos baixos salários no SUS, os médicos preferem deixar o serviço público -ou nem ingressar nele- e se associar às cooperativas.
Comento: repetindo o texto, a equação é simples, o médico abandona a perspectiva de estabilidade, aposentadoria integral (ou FGTS, se celetista) por ganhar mais e, com certeza trabalhar mais do que se somente empregado. Qual o mal nisso???
Assim, prestam serviços tanto ao setor suplementar como ao público, chegando a triplicar seus ganhos."Fizemos um grande concurso, mas a gente não consegue contratar os especialistas, eles não participam", diz Anselmo Tose, secretário da Saúde do Espírito Santo.Em Pernambuco, das 142 vagas oferecidas em uma seleção em abril, só 86 foram preenchidas. Dos cerca de cem médicos que pediram demissão neste mês, 13 neurocirurgiões não voltaram ao trabalho e querem formar uma cooperativa, segundo a pasta da Saúde.Na Paraíba, de 70% a 90% dos profissionais mantêm vínculos com cooperativas. No Ceará, a situação é semelhante: cerca de 52% dos profissionais dos hospitais são terceirizados ou ligados a cooperativas."O Estado pode ficar refém das cooperativas", diz João Ananias, secretário da Saúde do Ceará. Para Adelmaro Cavalcanti Júnior, secretário da Saúde do Rio Grande do Norte, em seu Estado o risco já é realidade, com a dependência das cooperativas de especialidades.O secretário da Saúde de Alagoas, André Valente, disse que durante a greve dos médicos, que terminou na quinta-feira, foi cogitada a opção de contratar cooperativas, depois abandonada. "Experiências em outros Estados mostram que não é a melhor alternativa. Elas sabem o poder que têm e podem usar isso contra o Estado."No Espírito Santo, por exemplo, os médicos recebiam no máximo R$ 2.000 mensais no serviço público.Organizados em cooperativas, passaram a ganhar R$ 6.000 pelas mesmas tarefas, segundo José Augusto Ferreira, presidente da Fencom."
Comento: esses secretários acham que o profissional deve se submeter ao salário que eles desejam. Ainda, não captaram as relações trabalhistas, mais simples. Vivem ainda pensando no canavial nordestino. Refém fica a população não assistida quando não se contratam os profissionais que ela necessita.
A cooperativa torna o médico mais forte, dá mais segurança, como estamos vendo no Nordeste. A cooperativa suporta um movimento desse", diz.Lígia Bahia, pesquisadora do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde, afirma que a disseminação das cooperativas fragiliza o sistema público de saúde. "[Elas] Não têm a perspectiva de SUS, de saúde universal.
Comento: quem mais fragiliza o SUS, Lígia são os governadores que desviam verba para almoço a um real, prefeitos que transferem dinheiro para coreto e fonte luminosa e, principalmente o governo federal que contigencia o orçamento aprovado pelo Congresso. Cooperativas não tem perspectiva nenhuma, a não ser remunerar os próprios cooperativados. Da mesma forma, Lígia, sindicatos também não têm a perspectiva do SUS, somente querem ganhar mais e, fazer a população refém com greves repetidas. O atual presidente da Câmara dos Deputados quando presidente do sindicato dos médicos sempre deixou claro que não tinha qualquer compromisso com a assim chamada "saúde pública", somente com os interesses da categoria. Basta ver as greves no governo Erundina em São Paulo.
"O Ministério Público do Trabalho também está preocupado com essa expansão. Por um acordo com a Procuradoria Regional do Trabalho da Paraíba, o Estado e a Prefeitura de João Pessoa não poderão manter contratos com profissionais de saúde por meio de cooperativas a partir de 31 de dezembro."Estava havendo uma manipulação da saúde pública por essas entidades", diz o procurador do Trabalho Eduardo Varandas. Ferreira, da Fencom, discorda. "A cooperativa é um mecanismo de defesa do médico", afirma.
Comento: Se entendi que há "cooperativa" de profissionais não exatamente liberais como enfermeiros, auxiliares de enfermagem, pessoal de apoio e administrativa, concordo com o MPT.Para mim, o cooperativa se aplica a alguns profissionais, em outros, é a chamada precarização da mão de obra.
Por que defendo cooperativa para médicos (estendo a odontólogos, fisioterapeutas, p.ex) e não para enfermeiro, por exemplo? fica para outro post.

O apagão da saúde e o contigenciamento do orçamento do Ministério

A grave crise vivida na assistência médica no Nordeste e restante do país é em grande parte, devido ao contigenciamento do orçamento do Ministério da Saúde e, também pela não regulamentação da emenda constitucional 29. Agora, Lula liberou parte do orçamento do Ministério. O apagão da saúde já foi previsto no blogue. Não resisto ao exercício de auto-citação e, transcrevo o post de 14 de dezembro de 2006, onde já apresentava o "vilão" Paulo Bernardo, ministro do planejamento.
Quando houver, um "apagão" na assistência médica (por exemplo, no atendimento a emergências nos grandes centros) por falta de recursos em hospitais públicos, por favor senhores e senhoras, culpem Luiz Inácio Lula da Silva e Paulo Bernardo. Em tempo, não há sargentos na área da saúde para assumir culpas.
Vejam, matéria do Folha on Liline.
27/08/2007 - 19h06Lula determina liberação de R$ 2 bilhões para a saúde Tânia Monteirode Brasília O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta segunda-feira (27), durante reunião de coordenação política, o descontingenciamento de R$ 2 bilhões para atender a área da saúde.Esses recursos vinham sendo solicitados pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Segundo fontes do governo, o presidente está preocupado com a situação de saúde nos Estados.Ficou acertado que Temporão será convidado a participar da próxima reunião de coordenação política. Na reunião de hoje, ficou definido também que o governo vai dar encaminhamento à discussão da regulamentação da emenda 29, que fixa as porcentuais de aplicação obrigatória em saúde por parte dos Estados e municípios.

domingo, 26 de agosto de 2007

A pesquisa da Folha de S.Paulo sobre os melhores hospitais

A Folha de S.Paulo publica nesse domingo pesquisa entre médicos sobre os melhores hospitais da cidade de São Paulo em um caderno especial recheado de publicidade dos próprios hospitais e clínicas. Nada contra, desde que não confundissem hospitais fechados com os abertos. A pesquisa permite que a menção ao Hospital das Clínicas seja considerada. Ora, vamos e venhamos. Uma coisa é administrar hospital restrito a uma clientela que paga diretamente ou por meio de seguro-saúde e convênios. Outra coisa é organizar o atendimento "24/7 " para todos em vários níveis de complexidade. Uma coisa é ditar o preço do seu serviço, outro é receber um pacote decidido em Brasília.
Um desafio como dirigente do Hospital Universitário que fiz a um outro de instituição privada fechada: que tal trocarmos de clientela por seis meses para vermos que é mais competente? A resposta: nem por seis minutos!
Outro aspecto importante é ainda a hipervalorização por parte dos entrevistados dos equipamentos de última geração como indicador de qualidade e, prejuízo da valorização da enfermagem, essa sim o fator básico de qualidade hospitalar.
Por último, fica evidente a importância da Faculdade de Medicina da USP na formação dos médicos em todos esses hospitais.