As eleições no Paraguai e a situação da Bolívia levam em conta questões meramente comerciais ou então patrióticas, atualizadíssimas para o século XIX. São Paulo não é mais o caminho de tropas para a Guerra do Paraguai. Mas, uma megalópolis que cada vez mais atrai estrangeiros, principalmente da Bolívia. Quem duvidar, vá até o terminal Barra Funda ou transite pelo Bom Retiro. A rápida transição demográfica brasileira e, a melhoria das condições no Nordeste implicam necessariamente que São Paulo será cada vez mais um imã para as populações desses dois países, principalmente para os pobres, se não houver melhoria econômica no Paraguai e Bolívia. Para a cidade, não há interesse algum em receber mais imigrantes nas condições como eles vivem, a não ser para quem explora a mão-de-obra semi-escrava. Por isso, nada mais adequado do ponto de vista estratégico que o Brasil colabore o máximo possível para o desenvolvimento desses dois países, por exemplo com apoio a ações sanitárias básicas, programas de imunização, vigilância sanitária (os bancos de sangue nesses países não tem controle) e, assistência farmacêutica.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Descoberto agente causador das mortes pela heparina produzida na China
Está no The New England Journal of Medicine dessa semana a explicação das mortes mais de setenta nos EUA em decorrência da heparina produzida na China.
Contaminated Heparin Associated with Adverse Clinical Events and Activation of the Contact System
Background There is an urgent need to determine whether oversulfated chondroitin sulfate (OSCS), a compound contaminating heparin supplies worldwide, is the cause of the severe anaphylactoid reactions that have occurred after intravenous heparin administration in the United States and Germany.
Methods Heparin procured from the Food and Drug Administration, consisting of suspect lots of heparin associated with the clinical events as well as control lots of heparin, were screened in a blinded fashion both for the presence of OSCS and for any biologic activity that could potentially link the contaminant to the observed clinical adverse events. In vitro assays for the activation of the contact system and the complement cascade were performed. In addition, the ability of OSCS to recapitulate key clinical manifestations in vivo was tested in swine. Results The OSCS found in contaminated lots of unfractionated heparin, as well as a synthetically generated OSCS reference standard, directly activated the kinin–kallikrein pathway in human plasma, which can lead to the generation of bradykinin, a potent vasoactive mediator. In addition, OSCS induced generation of C3a and C5a, potent anaphylatoxins derived from complement proteins. Activation of these two pathways was unexpectedly linked and dependent on fluid-phase activation of factor XII. Screening of plasma samples from various species indicated that swine and humans are sensitive to the effects of OSCS in a similar manner. OSCS-containing heparin and synthetically derived OSCS induced hypotension associated with kallikrein activation when administered by intravenous infusion in swine. Conclusions Our results provide a scientific rationale for a potential biologic link between the presence of OSCS in suspect lots of heparin and the observed clinical adverse events. An assay to assess the amidolytic activity of kallikrein can supplement analytic tests to protect the heparin supply chain by screening for OSCS and other highly sulfated polysaccharide contaminants of heparin that can activate the contact system
domingo, 20 de abril de 2008
Infeccão e Doença Coronariana: a hipótese de Maria Inês Azambuja
Maria Inês Azambuja é professora do departamento de medicina social da UFRGS. Ela advoga há muito a hipótese da associação de epidemias como a gripe espanhola no anos 10 e, depois o pico da mortalidade por doença coronariana na década de 50. O texto mais amplia a análise e, inclui outras hipóteses. O texto completo poderá ser solicitado á autora em miazambuja@terra.cm.br
The inflammation paradigm: Towards a consensus to explain coronary heart disease mortality in the 20th century. CVD Prevention and Control (2008) 3, 69�76
Summary The etiology of coronary heart disease (CHD) has been debated over thelast 60 years. There exists an alternative explanation to the rise in CHD mortality,consonant with knowledge about the role of inflammation. It is proposed that acohort association existed between rates of vulnerability to influenza deaths in1918 and CHD mortality among survivors from those vulnerable birth cohorts.According to this hypothesis, hypercholesterolemia may have been a marker ofthe 1918 immune-priming, with CHD deaths resulting from bursts of endothelialinflammation and thrombosis associated with influenza re-infections during the followingdecades. We propose a reconsideration of the way we model atherogenesis,from initiation and promotion to vulnerable substrate(s) and trigger(s).Also suggested, based on this hypothesis, is a possible shared condition between vulnerablesubstrates, which upon triggering, is associated with evolution to acuteevents, through an imbalance between COX and LOX products. This paradigm hasimplications for global prevention policies.
Demografia é destino: leituras do feriadão
A demografia finalmente entrou na moda. Planejar com dados de natalidade, mortalidade, nupcialidade, migração deveria ser obrigação, mas é exceção. A revista Exame traz na reportagem de capa onde utiliza todos os dados mais recentes sobre fecundidade, natalidade e mortalidade para traçar um panorama de consumo nas próximas décadas. Além disso, presenteia os leitores do site da revista com acesso a um aula de José Diniz Alves ( jose.diniz@ibge.gov.br ) que será também disponibilizada nesse blogue. Interessante notar que tanto os planejadores do SUS e, principalmente os professores da área de saúde não atentaram para a necessidade de considerar a demografia como destino, não como curiosidade. Bem, além de exame, mais três reportagens de folego.
O Estado de S.Paulo traz uma reportagem excelente sobre a situação italiana, onde a estagnação atende pelo nome de "encolhimento populacional". E, melhor ainda dados exclusivos de pesquisa feita pela UnB/UERJ sobre aborto no Brasil que reproduzo abaixo, a parte inicial
Brasileira que aborta é católica, casada, trabalha e tem filho, por Simone Iwasso
A brasileira que faz aborto é uma mulher casada, que já é mãe, trabalha fora e tem, em média, entre 20 e 29 anos. É católica e tem alguma escolaridade - completou ao menos os oito anos do ensino fundamental. A decisão pela interrupção da gravidez é tomada com o parceiro. Por se tratar de uma prática ilegal no País, ela opta por métodos caseiros, como ingestão de chás e ervas, misturados ao uso do misopostrol, medicamento de uso restrito cujo nome comercial é Cytotec. Apenas 2,5% das mulheres que abortaram ficaram grávidas ao terem uma relação eventual.
A Folha de S.Paulo publica pesquisa Datafolha com dados intrigantes sobre maternidade-paternidade: Quatro em cada dez filhos não foram planejados, por Antônio Gois.
A mais nova pesquisa Datafolha sobre fecundidade mostra que mais de 50 anos depois da invenção da pílula anticoncepcional, quatro em cada dez gestações ocorridas no Brasil não foram planejadas. E, embora isso aconteça com mais freqüência entre os mais jovens (56%) e os mais pobres (44%), não é fenômeno exclusivo deles: entre os que estão no topo da pirâmide social, 34% tiveram filhos sem planejar.
Cristiane Cabral, pesquisadora do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos, lembra que esses percentuais seriam ainda maiores se fossem consideradas as gestações que acabaram em aborto, que não foram contabilizadas pela pesquisa.
"É sempre importante ter acesso à informação, mas o aprendizado sobre o manejo contraceptivo se dá também na prática, a partir da experiência de cada um, na tentativa e erro. Imprevistos acabam acontecendo, em todas as faixas etárias ou de renda", afirma.
A demógrafa Suzana Cavenaghi, da Ence (Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE) e secretária-geral da Associação Latino-Americana de População, afirma, no entanto, que não se deve confundir gravidez não-planejada com não-desejada. "É diferente, porque pode-se desejar ter o filho após saber da gravidez", diz Suzana. O Datafolha perguntou também a pais e mães: "Se pudesse voltar no tempo, você teria o mesmo número de filhos, mais, menos ou nenhum?" A maioria dos entrevistados (60%) afirmou que faria escolhas diferentes: 24% teriam menos filhos, 21% teriam mais e 15% não teriam filhos..
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