No domingo e hoje, a Folha de S.Paulo apresenta pesquisa de opinião pública sobre dois temas relacionados à vida: pena de morte e aborto. Esse último assunto é relevante para a saúde pública visto que taxas baixas de mortalidade infantil somente ocorrem em países com aborto legalizado, sem falar nas taxas elevadas de mortalidade materna em decorrência das complicações dos abortos mal feitos em clínicas clandestinas.
A questão pena de morte e aborto, no entanto não serão resolvidas em breve, porque não há a mínima coerência em quem realmente decide porque há quatro possibilidades nessa questão e as duas contraditórias são as com maior força.Explico melhor.
(1) contra o aborto e a pena de morte: posição da Igreja Católica (e de seitas pentecostais), baseia-se no status quo, mas não é majoritária nem mesmo entre os católicos e pentecostais. Posicionamento em relação à vida: coerente.
(2) a favor do aborto e da pena de morte: posição minoritária na sociedade encampada por igrejas protestantes não-pentecostiais e por alguns intelectuais pragmáticos. Posicionamento em relação à vida: coerente.
(3) contra a pena de morte e a favor do aborto: posição da esquerda tradicional com força hoje no parlamento para evitar um plebiscito que lhe seria desfavorável nos dois temas. Posicionamento em relação à vida:incoerente.
(4) a favor da pena de morte e contra o aborto: posição da maioria da população, encampada pela direita tradicional (ainda existe??), posição que venceria um plebiscito hoje ou nos próximos anos. Posicionamento em relação à vida: incoerente.
A solução para os dois temas é plebiscitária - minha opinião - mas não ocorrerá porque não interessa à esquerda no poder, nem aos religiosos. Por isso, essa discussão hoje é boa para ocupar espaço em jornal quando não há notícia de interesse. O ministro Temporão tem se posicionado com coerência, mas ao atiçar contra si fanáticos estará facilitando a vida de seu colega que quer "garfar" quase dez bilhões do orçamento da saúde.
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