The Lancet nessa semana traz reportagem no estilo "dois lados" sobre o sistema de saúde venezuelano. (acesso livre, clique aqui). Destaco e comento alguns trechos da reportagem.
President Hugo Chavez's popular social missions have brought free primary health care directly to low-income communities in Venezuela. But critics say that these new health services have grown at the expense of the country's existing hospitals. (.....)
Parabéns!
This contrast illustrates perfectly the reality of the current state of the country's public-health system. Instead of re-equipping and improving existing hospitals, the government has poured millions of dollars into creating a parallel social health-care system, which still is not growing fast enough to meet people's needs.
Esse é o grande equívoco da escola sanitarista. Ao desprezar os hospitais criam um gargalo imenso para a atenção básica. Já assistimos a esse filme e, vários municípios brasileiros. No Brasil, a crítica ao modelo hospitalocêntrico surge pela esquerda, mas rapidamente foi apropriado pelo que existe de pior: "universidades" com "faculdades de medicina" sem hospital-escola e, "governadores e governadoras" que desviaram recursos de hospital para sopão a um real.
The major advances under Chavez's government in health revolve around the social development programmes known as missions. These programmes are funded principally by the state oil company Petroleos de Venezuela, which, by riding the wave of an oil boom, has fuelled the government's political projects and kept the economy afloat.The mission Barrio Adentro (inside the neighbourhood), the banner social programme of the Chavez government in 2003, has brought primary health care directly to the poorest Venezuelans. The programme has been tremendously popular with citizens who are unable to pay private health insurance and has boosted the president's ratings
Muitos criticam o fato de uma empresa PDSA estar envolvida nesse processo. Ao contrário, eu considero um avanço. Pudera ter sido feito antes na Venezuela e ocorrido em outros países. Melhor do que financiar times de futebol corruptos até a medula.....e, que estão a beira do descenso.
The patients are attended to in their own neighbourhoods by Cuban doctors, who are on loan in exchange for oil shipments. The mission began with just 54 Cuban doctors in 2003 and has expanded throughout the country. According to figures from the health ministry, some 26 819 doctors are now practising in Venezuela.
Aí, está o ponto nevrálgico desse processo. Argumenta-se que os médicos venezuelanos não querem trabalhar nos lugares pobres. Bobagem, basta pagar adequadamente. Esse também é um discurso recorrente no país, incluindo um ex-ministro bem longe ideologicamente da esquerda. Lembro que em bairros pobres de qualquer país faltam supermercados baratos, delegados, investigadores, professores, não somente médicos. Hoje, em "O Estado de S.Paulo" há informação que o auxílio da Venezuela em petróleo a Cuba já suplantou o apoio da ex-União Soviética nos anos 80. A compensação cubana seriam os médicos. Em outras palavras, a utilização de médicos cubanos pouco tem a com os correspondentes profissionais venezuelanos, mas sim é conseqüência da geopolítica do governo Chaves. Quanto a "empresa cubana de médicos genéricos" já manifestei anteriormente minha opinião em Médicos Cubanos na Venezuela: seu nome é escravidão.
The original Barrio Adentro I programme was initially characterised by two-storey, octagonal brick clinics located in poor urban areas which serve both as offices and residences for doctors. That model has been giving way to well equipped clinics capable of providing advanced health care to Venezuelans. The second phase of the programme, Barrio Adentro II, was inaugurated in 2005 with the opening of 30 diagnostic centres, 30 rehabilitation centres, and several high technology centres. The high-tech centres provide nuclear magnetic resonance tests, three dimensional ultrasound, mammography, video endoscopy, and electrocardiography, among other services.
Muito bom, mas somente médicos venezuelanos estão capacitados a utilizar esses equipamentos. Mesmo assim, com hospitais sucateados não haverá como tratar quem foi diagnosticado nesses centros.
“One of the problems in the country is the presence of supposed Cuban doctors. We have determined through studies that only one in every ten of these doctors is really qualified to be practising in medicine while the others are simple technicians”,
Esse fato que há "médicos" cubanos também recebi de duas pessoas diferentes, brasileiro e português que conheceram o trabalho dos cubanos em Angola.
Há um outro dado na apresentado no artigo, mas já citado nesse blogue, que foi a censura aos dados de homicídio em 2004 em diante. Por isso, os indicadores vindos da Venezuela sempre serão positivos..
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