Abaixo transcrevo na íntegra reportagem do JB sobre laqueadura e vasectomia em unidades básicas de saúde. A esterilidade cirúrgica é um tema que a elite dirigente e intelectualizada discute muito, traça planos e sempre a considera como "última alternativa". Apesar das diretrizes dos donos da política reprodutiva, o "povo" pratica a esterilização há décadas. Inclusive, escondidos em unidades básicas de saúde. Parte dos partos cesáreos são na verdade laqueaduras. Quem trabalha na periferia de São Paulo conhece muito o termo "Credi-Laq", o pagamento em prestações ao médico durante a gravidez para garantir a esterilização tubárea.
Pior são os planos de saúde e seguradoras que não cobriam a esterilização.
Bem, acima descrevi a crueldade da elite intelectualizada. O cinismo é comprovado pela prática rotineira nesse segmento tanto da vasectomia como da laqueadura. No debate abaixo, há um candidato que afirma que a vasectomia é cara. Em hospital chique de primeira linha em São Paulo, não sai por mais de mil reais, tudo incluído.
Candidatos debatem sobre proposta de laqueadura em postos de saúde e Planejamento Familiar (PF) http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/08/09/e090826464.html Marcelo Migliaccio, Pedro Vieira e Renata Victal, Jornal do Brasil RIO - A proposta do candidato à prefeitura do Rio Marcelo Crivella (PRB-PR-PSDC-PRTB) de que, caso seja eleito, fará os postos de saúde municipais atenderem jovens com 18 anos ou mais que optem pela laqueadura ou vasectomia como métodos para evitar novos filhos abriu o debate sobre o planejamento familiar na cidade. – É preciso que o povo tenha consciência de que há esses métodos. Podemos fazer uma ampla distribuição de camisinhas e o controle das doenças – afirmou Crivella. O petista Alessandro Molon classificou como “infeliz” a proposta de seu adversário. – Não se resolve problema social com cirurgia, mas com informação e planejamento familiar para garantir a maternidade e a paternidade responsáveis. Laqueadura e vasectomia as são as últimas opções. O tema é mesmo polêmico e costuma ser evitado pelos candidatos. Motivos para isso não faltam. Na última campanha para o Senado, Jandira Feghali (PCdoB) liderava todas as pesquisas de intenção de voto com ampla margem. Mas, faltando apenas 10 dias para o pleito, uma série de mensagens ressaltando que a deputada tinha sido uma das principais promotoras da lei que eliminaria do Código Penal todos os artigos que definiam o aborto como um delito contribuiu para que perdesse a eleição.. Precavida, a comunista prefere não comentar o assunto. Favorável ao aborto, o candidato Eduardo Serra (PCB) acredita que a vasectomia e a laqueadura não podem ser feitas por imposição e que é melhor legalizar o aborto a ver jovens morrerem em clínicas ilegais. – Alguns hospitais têm estrutura para realizar laqueaduras e vasectomias, mas são necessários mais postos de saúde, com uma rede hierarquizada, espalhados pelo município – explica Serra. – Sou favorável a colocar os meios contraceptivos para a população. Também sou a favor de se legalizar o aborto, mas como última opção.. Atualmente, muita gente morre ao usar clínicas clandestinas. Chico Alencar (PSOL) acredita que criminalizar o aborto é “tão errado quanto incentivá-lo”. – Defendo a educação sexual desde a escola e o apoio ao pré-natal da gestante pobre. Nem a mais insensível das mulheres faz um aborto sem traumas, sem sofrimento. O candidato não concorda com a proposta de Crivella.. – Pensei que o Crivella, como bispo, considerasse a vida humana um bem. A laqueadura é um método agressivo à dignidade e à consciência da mulher, que é percebida como um mero objeto reprodutivo. O que ele está propondo é um controle de natalidade induzido ou compulsório. Eduardo Paes (PMDB) também não concorda com Crivella. – Há outros métodos de planejamento familiar. Laqueadura e vasectomia são os limites. O candidato verde Fernando Gabeira prefere não entrar no tema da legalização ou não do aborto. Para ele esta é uma discussão “equivocada”. – O nosso objetivo maior não deveria ser o aborto, e sim evitar a gravidez indesejada por falta de informação – ressalta Gabeira. O candidato do PV diz que o serviço prestado pela prefeitura será mantido, mas tem ressalvas: – Recebi uma queixa de uma mulher que engravidou depois da laqueadura. Mais conservadora, a candidata Solange Amaral (DEM) disse não ser favorável à proposta de Crivella. Para ela, reduzir a idade mínima da laqueadura de 25 para 18 anos seria um erro e mais uma prova do preconceito contra as mulheres. – Não sou favorável à mudança na lei, que já permite a laqueadura para mulher com mais de 25 anos e dois filhos – enfatiza Solange. – O que vejo nessas propostas é o preconceito contra a mulher, que acaba tendo o ônus de uma gravidez. Para a candidata, a melhor saída a ser adotada é investir no planejamento familiar: – É preciso pensar em soluções como o incentivo à paternidade responsável – acredita Solange. – Além disso, vou criar um programa de atenção à saúde reprodutiva. Paulo Ramos (PDT) compartilha da mesma opinião. Apesar de ser favorável à esterilização, ele acha que uma mulher aos 18 anos é muito jovem para perder o direito de ter filhos. – Sou a favor da esterilização, mas tem de estabelecer idade mínima e número de filhos. Não pode ser aos 18 anos. É absurdo. Tem que estudar e debater com a sociedade esses limites. A cirurgia é cara
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