O presidente mundial da Eli Lilly em entrevista a IstoÉ Dinheiro abriu o jogo: estamos em outra, adeus commodities, química fina, estamos na biotecnologia. Eu tinha afirmado que essa era uma tendência mais européia do americana, mas a Eli Lilly está de fato mudando mudança.
O uso da farmacogenômica estimulará muito os compostos biológicos e dirigirá o tratamento pelos compostos químicos e, na opinião de vários representará realmente - desculpem o chavão - uma mudança de paradigma.
De certa forma, a Big Pharma será a Big Biotech com os avanços da genômica que permitirão particularizar o tratamento. Por isso, problema no Brasil está na CNTBio com o controle da biotecnologia por ONGs - talvez não tão ingênuas - do que a política de aids do Ministério da Saúde que levou ao licenciamento compulsório do efavirenz.
Ele quer reinventar o remédio. IstoE Dinheiro. por Joaquim Castanheira.
Na semana passada, o executivo Sidney Taurel, presidente mundial do Eli Lilly, desembarcou no Brasil. Foi uma visita discreta, praticamente sem compromissos externos, como costuma ocorrer com executivos de alto escalão como ele. "Vim conhecer o passado e falar do futuro", disse ele, em entrevista exclusiva à DINHEIRO. Primeiro, Taurel ouviu em detalhes os resultados da revolução que catapultou a filial brasileira da 30ª para a 15ª posição no ranking do setor farmacêutico nacional. O Lilly vendeu negócios, abandonou medicamentos tradicionais como antibióticos e investiu em produtos inovadores como Ciallis e Ziprexa. No capítulo dedicado ao futuro, Taurel mais falou do que ouviu. E apresentou seu plano daquilo que poderia ser chamado da "reinvenção dos remédios". Nos últimos anos, o Lilly trabalha em um novo modelo de negócios, cujos resultados, em toda sua plenitude, deverão aparecer em 15 a 20 anos. Nesse novo formato, os medicamentos serão desenvolvidos para atacar aspectos específicos de cada doença, e não a enfermidade como um todo. "É a terapia sob medida, a medicação personalizada", afirma Taurel. "Só 20% de nossos negócios trabalham dentro desse conceito." "Os remédios atuais funcionam, em média, para apenas 50% dos pacientes", diz. Para algumas enfermidades, como câncer, esse índice é reduzido, cerca de 20%. Já para excesso de colesterol, sobe para 80%. "Para os demais pacientes, é dinheiro jogado fora", afirma ele. O tratamento revela-se, na melhor das hipóteses, inócuo. Pior: em alguns casos, provoca efeitos colaterais. "Não temos hoje ferramentas para determinar que pacientes serão beneficiados pelo produto", explica Taurel. Por quê? Por dois motivos, completa o presidente da filial brasileira, Gaetano Grupi. Um: a diversidade genética do ser humano. Dois: a ausência de biomarcadores confiáveis. Traduzindo: biomarcadores são substâncias que auxiliam na identificação de enfermidades - o nível de colesterol no sangue, por exemplo. Assim, apenas o uso do medicamento revela quem pode ou não utilizá-lo. "Queremos nos antecipar e definir os beneficiários antes de o produto chegar às farmácias", diz Taurel. " Só 20% de nossos negócios trabalham de acordo com o novo conceito "Sidney Taurel Essa postura muda profundamente a forma de uma empresa desenvolver e comercializar remédios. "Às vezes, vamos nos recusar a vender para alguns pacientes, pois saberemos que não terá utilidade para ele", afirma Taurel. Não, o Lilly não gosta de jogar dinheiro fora. Há por trás desse modelo uma lógica empresarial diferente da atual. O laboratório acredita que, dessa forma, conquistará uma participação de mercado muito superior entre os pacientes que se beneficiarão com aquele remédio."Eles vão preferir nosso produto, já que terão certeza de sua eficácia", diz Grupi. "Assim, enfrentaremos nossos concorrentes." Há um outro dividendo que o Lilly espera contabilizar. "Os médicos terão mais confiança em nós, devido à nossa transparência", aposta Taurel.
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