O Ministro da Saúde ocupa a página 3 da Folha de S.Paulo para descrever vários aspectos do setor saúde. Ele parte para o ataque contra a visão estúpida das equipes econômicas - desse governo e passados e, de todas as esferas de governo - que somente lamentam os gastos do setor saúde, embora seus membros adorem uma mordomia nos hospitais públicos para si, familiares e amigos. Destaca o desaparelhamento da indústria, já citado nesse blogue como sendo o grande problema da atualidade no setor saúde. Acrescentaria a esse texto, a não desprezível atividade econômica do "turismo da saúde" com a ocupação de hotéis, por familiares, por exemplo que se dirigem a centros de excelência. Abaixo, parte do texto de José Gomes Temporão e Carlos Grabois Gadelha.
O entendimento dessas atividades como ônus ao orçamento público é cego. O segmento contribui para cidadania, investimentos, inovações, renda, emprego e receitas ao Estado. A cadeia produtiva representa entre 7% e 8% do PIB (R$ 160 bilhões). Emprega, com trabalho formal, 10% da população e é a área em que os investimentos públicos com pesquisa e desenvolvimento são os mais expressivos no país. O mercado farmacêutico brasileiro movimenta R$ 22 bilhões, equipamentos médico-hospitalares, R$ 6 bilhões, e vacinas, reagentes e hemoderivados, R$ 3 bilhões. São indústrias que geram 300 mil empregos diretos. Na prestação de serviços, 77 mil estabelecimentos de saúde empregam 1,6 milhão de pessoas (mais da metade com nível superior e alta qualificação). Por ano, o SUS realiza 2,8 mil transplantes renais, 215 mil cirurgias cardíacas e 9 milhões de procedimentos de rádio e quimioterapia, refletindo capacitação do sistema que se destaca entre países com grau semelhante de desenvolvimento. Há, porém, enorme fragilidade econômica e tecnológica. As indústrias perderam competitividade internacional ao longo da década de 90. O déficit acumulado cresceu de US$ 700 milhões ao ano, no final dos anos 80, para US$ 4 bilhões, sendo 60% concentrados na área farmacêutica. Um país desenvolvido requer base produtiva forte para atender a inclusão social e atenuar as desigualdades. O Brasil apresenta grande possibilidade de superação dessa vulnerabilidade. Nossa base produtiva, ciência, recursos humanos qualificados e sistema de saúde universal conferem ao Estado elevado poder de compra de bens industriais, com financiamento de longo prazo pelo BNDES. Fatores singulares na realidade latino-americana. Significa que a saúde é frente de expansão e janela de oportunidades ao padrão de desenvolvimento humanizado, equânime e solidário. (restante da matéria para assinantes da Folha)
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