A entrevista com Alexandre Kalache, médico carioca, que esteve 30 anos no Reino Unido e na Organização Mundial de Saúde com enfoque em gerontologia traz dados e conceitos já conhecidos dos "iniciados", mas ainda distante da maioria dos médicos e profissionais de saúde. Por exemplo, uma coisa é reduzir o número de pediatras. Outra é substituí-los por geriatras. Sempre lembro que antes do envelhecimento há muito a fazer na clínica médica geral (e, suas especialidades).
FOLHA - Temos no Brasil perto de 550 geriatras contra 30 mil pediatras. Com o envelhecimento da população, esse quadro deve mudar?
KALACHE - Até certo ponto. A gente não vai conseguir formar geriatras em quantidade para atender, em planos mundiais, 2 bilhões de idosos no ano de 2060. A gente vai poder fazer com que todos os profissionais de saúde saibam aquilo que seja a essência, a base da atenção do idoso. Estou muito mais interessado em que todos os ortopedistas de amanhã, todos os oftalmologistas, todos ginecologistas, todos cirurgiões saibam lidar com idosos e entendam o mínimo sobre a fisiologia do idoso, a anatomia, a depressão, a saúde mental do que formar especialistas. Do contrário, o risco é você acabar medicalizando e tornando o envelhecimento uma especialidade e não uma etapa da vida. O papel do geriatra é muito importante porque, você tendo bons geriatras, terá bons treinadores daqueles profissionais que precisam ser treinados.
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