Já há alguns anos, um grupo do Boston Medical Center vem alertando para o fato de que mulheres grávidas da população local mais pobre apresentam deficiência alimentar de iodo! O último alerta indica que o leite de até 50% dessas mulheres pode estar deficiente em iodo. Tendo acompanhado de perto a batalha contra a deficiência de iodo na América Latina durante anos, nunca pensei que fosse reencontrar esse problema a menos de dois quilômetros do hospital onde trabalho hoje, em Boston.
O texto acima foi escrito por Antônio Bianco, médico, ex-professor da USP, hoje, radicado em Boston, Estados Unidos. O texto completo está em Pesquisa Fapesp que pode ser acessado clicando o título de post. Os países do planeta com deficiência ou excesso de iodo na dieta pode ser acessado clicando no mapa acima.
Continua, Bianco:
Infelizmente, a falta de iodo continua sendo a principal causa de retardamento mental em todo o mundo. Esse é um problema muito antigo que está ligado ao surgimento da vida nos oceanos, há cerca de 600 milhões. A origem marítima fez com que o funcionamento da maior parte dos organismos se desenvolvesse baseado em elementos abundantes nos mares, como a água, que constitui mais da metade do organismo humano adulto. Outro elemento marítimo importante é o iodo. Pequenas quantidades desse elemento químico são necessárias para a vida da maioria dos organismos em nosso planeta. Nós, por exemplo, necessitamos da ingestão de cerca de um décimo de miligrama de iodo todos os dias. Ao se aventurarem no ambiente terrestre, os vertebrados bem sucedidos foram aqueles que conseguiram desenvolver mecanismos para se proteger da falta de água e desses outros elementos, inclusive do iodo. Nos animais vertebrados, o iodo é fundamental para a produção dos hormônios da tireóide, uma glândula localizada no pescoço, aderida à traquéia. A deficiência de hormônios da tireóide durante a gravidez e/ou nos primeiros dois a três anos de vida freqüentemente resulta em rebaixamento importante da inteligência (QI), deficiência auditiva e de crescimento, sendo que nos casos graves observa-se retardamento mental, surdez e baixa estatura. Um quadro triste e irreversível, conhecido como cretinismo.
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