Em
algumas proposições de manuscritos ao PubliELSA nota-se a ausência de hipótese
a ser testada onde há somente descrição de variáveis de forma muito genérica.
Os artigos descritivos acordados previamente têm como objetivo mostrar padrões,
curvas de frequência ou nomogramas. Aí se incluem os valores laboratoriais, a
descrição do IMT, da função renal, entre outros exemplos. Outra opção adotada
foi descrever situações específicas como a de
prevalência/conhecimento/tratamento/controle da pressão arterial. Desde o
início reconhece-se que esse tipo de investigação é limitado. Por não ter hipótese
científica a ser testada os resultados não serão atrativos para publicação. O
motivo é que são propostas alienadas do debate contemporâneo. De certa forma, a
caricatura do Random Medical News (ver abaixo) está se repetindo com agravantes
porque (1) ainda não temos desfechos, o que tornam algumas proposições
apresentadas desnecessárias; (2) devido ao tamanho da nossa amostra ser grande
há chance de serem descritas diferenças estatisticamente significativas, mas
sem qualquer significado clínico-epidemiológico. No famoso livro de Umberto Eco
“Como se faz uma tese” (ed. Perspectiva) em um parágrafo o autor italiano
sintetiza o drama da elaboração do projeto científico com um exemplo interessante.
Escreveu Eco:
O tema
Geologia, por exemplo, é muito amplo. Vulcanologia, como tema daquela
disciplina, é também bastante abrangente. Os vulcões do México poderiam ser
tratados num exercício bom, porém um tantosuperficial. Limitando-se ainda mais
o assunto, teríamos um estudo mais valioso: A história do Popocatepetl(que um
dos companheiros de Cortez deve ter escalado em 1519 e que só teve erupção
violenta em 1702).Tema mais restrito, que diz respeito a um menor número de
anos, seria “o nascimento e a morte aparente doParicutin (de 20 de fevereiro de
1943 a 4 de março de 1952)”. Aconselharia o último tema. Mas desde que, a esse
ponto, o candidato diga tudo o que for possível sobre o maldito vulcão.
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