Carlos Alberto Sardenberg (Estadão, 14/05/07) discutindo a questão da indústria farmacêutica faz uma primeira afirmativa incorreta: o termo Big Pharma. Ele não é pejorativo, utilizado pelo Financial Times, defensor extremado da iniciativa privada. A indústria farmacêutica merece ser avaliada pela importância estratégica e pelo mercado cativo que consegue em países com prática médica estatizadas.
Sardenberg faz várias afirmativas como inflacionar os tradicionais 800 milhões de dólares para um novo medicamento para um bilhão. Outra afirmativa está foral de local: o custo de marketing no Brasil é muito maior do que o destinado a pesquisa e desenvolvimento.
A grande questão nossa aqui foi que ao introduzir genéricos e, principlamente ao aceitar patentes, não houve exigência de nenhuma contrapartida. Exemplo: deveriámos cobrar 50 centavos de cada medicamento genérico para um fundo de pesquisa e, ao mesmo tempo exigir da Big Pharma a constituição de plantas industriais e tecnológicas no páis. Nada disso foi feito e, hoje estamos sem estrutura de financiamento na área farmacêutica o que está nos levando a um beco sem saída. Afinal, não temos como exigir investimento de quem estamos garantindo patente e, por outro lado, o custo das empresas indianas e chinesas em genéricos inibe a indústria nacional.
Outra questão nossa é viver sempre nos extremos ideológicos de adoração a repúdio ao empreendedorismo e lucro. Sou partidário que é perfeitamente possível conviver com divergências sérias - como a atual com efavirenz - desde que cada setor faça a sua parte. No lado brasileiro, valorizar as suas próprias instituições como agências reguladoras e universidades para que cumpram seu papel de controlar e educar, respectivamente. Atividades que a Big Pharma adora se imiscuir, tal como o jogador que quer apitar o jogo.
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