sábado, 11 de novembro de 2006

Decisão do CFM: um aspecto não comentado.

O Conselho Federal de Medicina aprovou resolução que pacientes sem qualquer possibilidade de tratamento tivessem tratamento paliativo e, aqueles com morte cerebral parem de receber qualquer suporte de manutenção respiratória e cardiovascular. Melhor para a família e, principalmente para outras pacientes - aqueles com prognóstico positivo - aguardando vaga em terapia intensiva em macas de pronto-socorro que terão um possibilidade maior de internação.

Voto estranho do Brasil na OMS

Apesar de votação secreta, a escolha do secretário geral da Organização Mundial de Saúde teve um voto a descoberto: a do Brasil segundo Jamil Chade, no Estado de S.Paulo (09/11/06). O Brasil votou no candidato da China, que venceu Júlio Frenk, ministro da saúde do México, que ao que parece (vide post anterior com texto do The Lancet) honrou sua biografia e fez uma gestão boa no país latino-americano. Estranho, muito estranho. Será que foi mais uma boa idéia do Itamarati? Vamos, aguardar a palavra do Ministro da Saúde que esteve presente em Genebra para votar.

Vitória dos democratas nos EUA afeta Bolsa européia.

Em despachos de agências internacionais há a notícia da queda das ações da GlaxoSmithKline e AstraZeneca devido à possibilidade de restrição às atividades dessas empresas européias nos Estados Unidos após a vitória do Partido Democrata. Segundo Job Curtis da Henderson Global Investors de Londres: "haverá um clima menos propício a essas corporações".

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Bradesco Seguros: planos individuais encolhem.

Valor Econômico (07/11/06) informa que a Bradesco Seguros representou um terço dos ganhos do Bradesco no terceiro trimestre do ano. O setor saúde está lucrativo devido "fim da venda de planos individuais e controle de custo do plano empresarial. Hoje, 22% da carteira é de plano individual, contra 50% há dez anos."
Comprova-se que os planos individuais ficarão cada vez mais restritos com a saída do Bradesco e, com a venda da carteira individual da Porto Seguro para a Amil.

Eleiçõs legislativas americanas: impacto no complexo médico-industrial.

Muitos brasileiros pensam que o Estado americano é gerido tal como o brasileiro e, outros da América Latina, desde o palácio presidencial. O Presidente americano tem enormes poderes na política externa, mas na definição de prioridades interna, os Estados Unidos são uma república parlamentarista. O Presidente da Câmara, denominado speaker, é quase um primeiro-ministro que não opina sobre política externa, porém as principais leis e, o orçamento dependem muito dele e da maioria na Câmara. Desde 1994, o comando do legislativo é do Partido Republicano. Segundo Marcia Angell, ex-editora do The New England Journal of Medicine, em entrevista na Globo News para Lucas Mendes (junho/06), o domínio da Big Pharma sobre os parlamentares republicanos é total. No momento, perdem somente para o lobby petrolífero.
O enfraquecimento do Food and Drug Administration foi um dos objetivos alcançados pelo Big Pharma. Outro foi empurrar a lei de patentes goela abaixo de países endivididados nos anos 90. Uma das leis mais curiosas aprovadas por proposição da maioria republicana foi que o Medicare, órgão do governo que paga o atendimento ao idoso, não pode fazer licitação concorrencial para compras de medicamentos!!! . Obviamente, como já aqui apresentado, a Big Pharma é o maior financiador do Partido Republicano.
Vamos ver os resultados e, as consequencias de um provável vitória do Partido Democrata. Sob alguns aspectos, essas eleições definem mais o rumo do complexo médico-industrial no Brasil do que a de 01 de outubro. Ser patriota, não elimina o pragmatismo.

domingo, 5 de novembro de 2006

Crianças americanas, filhas de imigrantes ilegais foram afastadas do Medicaid

Medicaid Wants Citizenship Proof for Infant Care. Esse foi o título do texto do The New York Times (03/11/06) onde cidadãos americanos, isto é crianças nascidas no território americano de imigrantes ilegais somente poderão ter acesso aos recursos do Medicaid (para famílias pobres) se, os pais não se identificarem e, mostrarem os documentos legais da criança, mostrando que são cidadãos americanos. Isso depois, da revogação de uma lei federal de 1984 que permitia atendimento a todas as crianças até um ano de idade.
Os imigrantes ilegais não tem acesso ao Medicaid, exceto para emergência e gestação. Filhos nascidos de mães atendidas no parto no Medicaid eram imediatamente matriculados nos programas de puericultura. Agora, há necessidade da certidão de nascimento, cuja expedição demora de acordo com o Estado e cidade de nascimento. Segundo, Marilyn E. Wilson, do Tennessee Medicaid : “The federal government told us we have no latitude. All states must change their policies and practices. We will not be able to cover any services for the newborn until a Medicaid application is filed. That could be days, weeks or months after the child is born.”
Dos quatro milhões de nascimento, um terço é coberto pelo Medicaid. O número de mães que são imigrantes ilegais não é conhecido.
Desnecessário, comentar o ocorrido. Espera-se mudanças, após as eleições legislativas da próxima terça-feira, quando os democratas, talvez consigam maioria no Congresso.

Líbia e aids: médico e enfermeiros condenados.

Nature apresenta no seu website (http://www.nature.com) uma petição de cientistas de todo o mundo solicitando um julgamento justo para cinco enfermeiros búlgaros e um médico palestino acusados de terem contaminado 426 crianças em um hospital de Bengazi, em 1998. Eles se encontram presos desde então e, foram sentenciados a morte em 2004 e, agora encontram-se em novo julgamento. Em, 2003, uma comissão independente européia, concluiu que a culpa era das péssimas condições de higiene do hospital, que reutiliza(va) as seringas.
Ditaduras destetam manchar a sua imagem com doenças: em 1974, o Brasil escondeu a meningite, recentemente, a China se omitiu em relação à SARS. Outras ditaduras apresentam indicadores de saúde sempre positivos , eu reservo o direito de duvidar. Onde não há imprensa livre, ministério público atuante e, judiciário autônomo, dados demográfico-sanitários são suspeitos de manipulação. Por isso, nesse caso manifestos tem importância, merecem ser lidos e, divulgados.
Abaixo, a carta aberta ao ditador da Líbia, Coronel Muhamar Khadaffi
Dear Colonel Muammar al-Gaddafi: We, Nobel Laureates in the sciences, are gravely concerned about the ongoing trial of five Bulgarian nurses, Valya Chervenyashka, Snezhana Dimitrova, Nasya Nenova, Valentina Siropulo, Kristiana Valcheva, and a Palestinian doctor, Ashraf Ahmad Jum'a, in Tripoli. The six face death-penalty charges of deliberately infecting 426 children with HIV at al-Fateh Children's Hospital in Benghazi in 1998. Strong scientific evidence is needed to establish the cause of this infection. However, independent science-based evidence from international experts has so far not been permitted in court. Libya is currently making efforts to join the community of peaceful nations by renouncing weapons of mass destruction and adhering to international standards regarding the rule of law. This trial is another opportunity for Libya to demonstrate its commitment to recognized values and norms. But so far Libya has failed to follow the norms of international justice in the case of the charged medical workers. We appreciate the agony and the sadness of the parents of these children and we sympathize with the difficult situation of the Libyan authorities in trying to deal with this matter. However, we feel that if justice is to be served it is essential that the defence should be permitted to present its case. Among the disallowed scientific evidence is a 2003 report, which Libya requested, and which was provided by Luc Montagnier, a co-discoverer of the virus that causes AIDS, and Italian microbiologist Vittorio Colizzi. The report concluded that the infection at the hospital resulted from poor hygiene and reuse of syringes, and also that the infections began before the arrival of the nurses and doctor in 1998. On 29 August 2006, a Libyan prosecutor reiterated the call for the six to be given the death penalty. The next, and probably last, court hearing is scheduled for the 4 November, with a verdict expected shortly thereafter. A miscarriage of justice will take place without proper consideration of scientific evidence. We urge the appropriate authorities to take the necessary steps to permit such evidence to be used in this case. To uphold justice, and ensure a fair trial, we affirm the need for: Defence lawyers to have the right to call and examine witnesses on the health workers' behalf under the same conditions as witnesses called against them, and The appropriate authorities to call upon internationally recognized experts in AIDS research to examine and testify on the evidence as to the cause of the HIV infections in the children. Yours sincerely,Richard J. Roberts and 113 fellow Nobel Laureates