sábado, 10 de março de 2007

Quem ama,não mata!

Assassinatos de Mulheres eram comuns até os anos 70, quando a imprensa e o movimento feminista que então surgia passaram a denunciar esses assassinatos, onde o criminoso era quase sempre absolvido. Para jornalistas esse tema tornou-se particularmente problemático depois que um cardeal da imprensa assassinou uma colega e, eles corporativamente se calaram. As feministas preferiram utilizar o Dia Internacional das Mulheres para atacar o presidente eleito de um país onde a agressão à mulher é condenada na maioria dos Estados com rigor muito maior do que aqui no país. Por isso, estou lançando um censo prospectivo dos assassinatos divulgados na grande imprensa, não só de mulheres, mas todos os decorrentes da passionalidade. Folha de S. Paulo 10/03/07: Suzani Pereira da Rocha, 23, foi morta pelo ex-namorado Haroldo Moreira da Silva, 56, na segunda feira em Curitiba, PR. Folha de S. Paulo 09/03/07: : Maria Cristina Tabano Pires, 40, morreu anteontem, após passar seis dias internada com queimaduras de 2º e 3º graus em 95% do corpo. O crime aconteceu no dia 2, quando seu marido, o advogado Sérgio Luiz Pires, 45, jogou um litro de álcool no corpo dela e ateou fogo.
Aos mais novos: o título desse post é decorrente do lema do movimento feminista dos anos 70, depois da morte de mulheres em Minas Gerais, quando um(a) autor(a) anônimo(a) escreveu em muros, o lema acima. Anos depois, a Rede Globo fez uma mini-série excelente sobre o tema com esse título.

A Câmara de Especialização Médica

Somente no Brasil, entre as economias respeitáveis, ocorre a liberalização da especialização médica. Na pátria do liberalismo, os Estados Unidos, há controle do número de especialistas. Por isso, a proposta do MEC e Ministério da Saúde merece toda consideração. O ideal é a criação de uma Câmara de Especialização Médica que defina as prioridades de formação a partir da realidade demográfica e epidemiológica e, não motivada pela força política de sociedades especializadas e de professores universitários.
O ideal seria uma Câmara montada no tripé: governo, formadores de pessoal e entidades de classe. Participariam: MEC, Ministério da Saúde, CONASS, CONASEMS pelas três esferas de governo; ABRAHUE e representantes de universidades e, também a ABRAMGE, AMB, CFM e Federação Nacional dos Médicos.

Genéricos em alta no Brasil, mas a indústria faturou bem em 2006.

A indústria farmacêutica não pode reclamar: aumentou o faturamento em reais que quase 10% em 2006 quando comparado a 2005. Os genéricos tiveram aumento de faturamento bem maior:26,3%. Apesar do aumento no último ano, a participação dos genéricos no mercado total foi de 9,4%

sexta-feira, 9 de março de 2007

STF bate de frente com a Máfia das liminares de remédios de alto custo.

A Ministra Ellie Gracie do Supremo Tribunal Federal concedeu liminar há 10 dias que vai impedir a cristalização da jurisprudência sobre medicamentos de alto custo no país. Quem solicitou e recebeu essa determinação foi o Estado de Alagoas. Há Estados endividados devido ao abuso da indústria de liminares para garantir o recebimento de medicamentos de alto custo. Segundo a Ministra "está se reduzindo a possibilidade de oferecer à comunidade a atenção básica". Como funciona o esquema:
(1) a indústria percebe logo que o custo do medicamento não pode ser pago por pessoa física e nem coberto por plano de saúde. De início, tenta junto ao Ministério o seu cadastramento em algum tipo de programa.Mas, na maioria das vezes, não obtém sucesso.
(2) com a negativa oficial, a indústria financia agências de publicidade, assessorias de imprensa, médicos e ONGs de pacientes para atuar na corrente favorável ao medicamento. Capas de revistas, seminários e artigos do tipo você pode ter______, pergunte ao seu médico são estimulados ao máximo;
(3) em hospitais e clínicas particulares, o médico é estimulado a prescrever o medicamento de alto custo. Na porta, o propagandista informa que a única solução é com ação judicial e, indica advogado .....até conseguir a liminar. (Na praça Oswaldo Cruz em São Paulo, havia uma faixa entre dois postes com os dizeres: "Interferon peguilado: sentença judicial rápida. Fone:9xxx.xxxx.)
(4) quando secretários de saúde vão a público reclamar do abuso das liminares, a assessoria de imprensa lança em jornal artigo assinado por médico subvencionado pela empresa jurando que aquele medicamento é tão revolucionário quanto a penicilina ou a anestesia. Ou então publica carta lacrimosa de um pai afirmando que o secretário é um sujeito pérfido etc etc e, que se fosse o filho do secretário as coisas seriam diferentes.
Enquanto isso, quem está fora do esquema fica sem penicilina e anestésicos.

Mudança na bula do eritropoiéticos: FDA acorda

O sonolento FDA parece que está um pouco mais atento, depois da mudança no Congresso americano, onde é votado o orçamento do órgão. Hoje, lançou uma advertência sobre os medicamentos que aumentam a produção de glóbulos vermelhos em pacientes renais crônicos. O resultado foi a queda das ações das farmacêuticas. Abaixo, a declaração oficial.
The U.S. Food and Drug Administration (FDA) today issued a public health advisory outlining new safety information, including revised product labeling about erythropoiesis-stimulating agents (ESAs), widely-used drugs for the treatment of anemia. The drugs affected by the safety update are darbepoetin alfa (Aranesp) and epoetin alfa (Epogen and Procrit). (ESAs are genetically engineered forms of the naturally occurring human protein, erythropoietin. Natural erythropoietin is made by the kidney and increases the number of red blood cells). FDA and the manufacturer of these products have agreed on revised product labeling that includes updated warnings, a new boxed warning, and modifications to the dosing instructions. The new boxed warning advises physicians to monitor red blood cell levels (hemoglobin) and to adjust the ESA dose to maintain the lowest hemoglobin level needed to avoid the need for blood transfusions. Physicians and patients should carefully weigh the risks of ESAs against transfusion risks. Recently completed studies describe an increased risk of death, blood clots, strokes, and heart attacks in patients with chronic kidney failure when ESAs were given at higher than recommended doses. In other studies, more rapid tumor growth occurred in patients with head and neck cancer who received these higher doses. In studies where ESAs were given at recommended doses, an increased risk of death was reported in patients with cancer who were not receiving chemotherapy and an increased risk of blood clots was observed in patients following orthopedic surgery. "The agency is in the process of re-evaluating the safety of Aranesp, Epogen, and Procrit on the basis of the results of recent clinical studies," said Steven Galson, MD, MPH, director of FDA's Center for Drug Evaluation and Research. "The new studies provide significant new information for both prescribers and patients, and the new information applies to all ESAs, which share the same mechanism of action. The safety of these products will be discussed when the Oncologic Drugs Advisory Committee (ODAC) meets in May and further revisions to the labeling may occur after that meeting." Safety concerns from earlier ESA studies were discussed during a 2004 meeting of the ODAC. Product labeling was previously revised in 1997, 2004, and 2005 to reflect new safety information. The three drugs are approved to treat anemia in patients with chronic kidney failure and in patients with cancer whose anemia is caused by chemotherapy. Epogen and Procrit are approved for patients scheduled for major surgery to reduce potential blood transfusions and for the treatment of anemia due to zidovudine therapy in HIV patients. ESAs are not approved to treat the symptoms of anemia – including fatigue – in cancer patients, surgical patients, or those with HIV. All three drugs are manufactured by Amgen Inc. of Thousand Oaks, California. Procrit is marketed and distributed by Ortho Biotech LP, a subsidiary of Johnson & Johnson

quinta-feira, 8 de março de 2007

No Dia Internacional da Mulher: Lula, Serra,Cabral e O Estado de S.Paulo

Li o Estadão hoje e, fiquei surpreendido positivamente com o:
(1) posicionamento de Sua Excia, o Presidente da República afirmando que sexo é secular.... e, pau na hipocrisia em relação ao sexo. Finalmente, um Presidente que reafirma "1889" com a separação do Estado e da Igreja. Disponibilizar camisinha não estimula ninguém ao sexo (aliás, inibe), mas é obrigação sanitária do Estado dar todas as condições para o sexo seguro.
(2) anúncio do Governador de São Paulo liberando mais verbas para programas relacionados à saúde reprodutiva;
(3) jornal mostrando que a taxa de fecundidade está diminuindo em São Paulo, mas que o planejamento familiar é um direito do cidadão e, não um política de redução de "pobres-bandido-faminto- desocupado" como os neomaltusianos adoram propagar.
(4) declaração do Governador do Rio de Janeiro, afirmando que privilegiará a realização de vasectomias nos hospitais estaduais.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Circulation destaca a América Latina

Circulation, a principal revista de cardiologia, pertencente à American Heart Association lançou uma edição com a data de 06 de março de 2007 com assuntos referentes à Ámerica Latina e ao Brasil, a maioria com autores brasileiros.
A Doença de Chagas está presente, mas o melhor artigo é de Wady Hueb, do estudo MASS realizado no InCor-HCFMUSP que comentarei em breve.
O acesso restrito permite a leitura dos resumos está em http://www.ahajournals.org. Quem necessitar dos textos completos pode requisitar ao autor correspondente cujo email está no final do resumo. Ou então, pedir a esse blogueiro.

terça-feira, 6 de março de 2007

Tekturna, algo novo da Big Pharma para hipertensão

Finallmente, algo novo da Big Pharma para hipertensão - o aliskiren - da Novartis,nome comercial Tekturna, aprovado nos Estados Unidos. Trata-se de um inibidor da renina, o primeiro produto desse grupo. Agora, é verificar o quanto adicionará ao tratamento atual e, evidentemente o custo. Abaixo uma descrição do produto.
Tekturna(R) - The First New Type of High Blood Pressure Medicine In More Than a Decade - Receives Its First Approval in the US Mar 5 2007, 8:20 PM EST PRNEWSWIRE EAST HANOVER, N.J., March 6 /PRNewswire/ -- Novartis announced today that the United States has become the first country in the world to approve Tekturna(R) (aliskiren) tablets, the first new type of medicine in more than a decade for treating high blood pressure -- a condition estimated to affect nearly one billion people worldwide and remains uncontrolled in nearly 70% of patients. The Food and Drug Administration (FDA) issued the approval for Tekturna as the first in a new class of drugs called direct renin inhibitors. A once-daily oral therapy, Tekturna acts by targeting renin -- an enzyme responsible for triggering a process that can contribute to high blood pressure. This condition is a leading contributor to cardiovascular disease, considered the world's leading cause of death. Tekturna received FDA approval for treatment of high blood pressure as monotherapy or in combination with other high blood pressure medications. The use of Tekturna with maximal doses of ACE inhibitors has not been adequately studied. Tekturna is expected to be available in March in pharmacies as 150 mg and 300 mg tablets. "Renin angiotensin system activity contributes to many of the complications associated with high blood pressure," said Marc A. Pfeffer, M.D., PhD, Professor of Medicine, Harvard Medical School and Cardiologist, at Brigham & Women's Hospital. "By inhibiting this important system at its origin, renin production, a direct renin inhibitor, such as Tekturna, offers an exciting therapeutic option for treating hypertension." In an extensive clinical trial program involving more than 6,400 patients, Tekturna provided significant blood pressure reductions for a full 24 hours. Furthermore, Tekturna provided added efficacy when used in combination with other commonly used blood pressure medications. In clinical trials, the approved doses of Tekturna were generally well tolerated and the most common side effect experienced by more patients taking Tekturna than patients taking a sugar pill was diarrhea. Other less common reactions to Tekturna include cough and rash. Tekturna should be discontinued as soon as pregnancy is detected as it may harm an unborn baby, causing injury and even death. Women who plan to become pregnant should talk to their doctor about other treatment options before taking Tekturna. Angioedema has been rarely reported in patients taking Tekturna. "Many patients require two or more medicines to control their blood pressure. As a new treatment approach, Tekturna has the potential to help these patients manage their disease," said James Shannon, MD, Global Head of Development at Novartis Pharma AG. "Tekturna demonstrates our commitment to developing innovative medicines to help the millions of patients suffering from high blood pressure." Novartis is committed to conducting a large outcome trial program to evaluate the long-term effects of Tekturna and direct renin inhibition. Tekturna was developed in collaboration with Speedel

Tortura não precisa de adjetivos: física ou psicológica, o dano é o mesmo.

O estudo abaixo sugere que estressores psicológios não podem ser facilmente distinguidos da tortura física. Embora alguns considerem que a tortura física causa mais dano do que atitudes como execuções falsas, ameaças de estupro, ameaça contra familiares, testemunha tortura a outros prisioneiros, deprivação da micção/evacuação e do sono (ufa, chega....) o impacto é semelhante. Uma advertência metodológica: esse é um estudo transversal (ou uma survey), do momento, não tem seguimento ainda que permita conclusão mais forte. Novos resultados poderão surgir em nova avaliação em 12 ou 24 meses.
Torture vs Other Cruel, Inhuman, and Degrading Treatment Is the Distinction Real or Apparent? Metin Baolu, MD, PhD; Maria Livanou, PhD; Cvetana Crnobari , MD Arch Gen Psychiatry. 2007; 64:277-285. Context After the reports of human rights abuses by the US military in Guantanamo Bay, Iraq, and Afghanistan, questions have been raised as to whether certain detention and interrogation procedures amount to torture. Objective To examine the distinction between various forms of ill treatment and torture during captivity in terms of their relative psychological impact. Design and Setting A cross-sectional survey was conducted with a population-based sample of survivors of torture from Sarajevo in Bosnia and Herzegovina, Banja Luka in Republica Srpska, Rijeka in Croatia, and Belgrade in Serbia. Participants A total of 279 survivors of torture accessed through linkage sampling in the community (Banja Luka, Sarajevo, and Rijeka) and among the members of 2 associations for war veterans and prisoners of war (Belgrade). Main Outcome Measures Scores on the Semi-structured Interview for Survivors of War, Exposure to Torture Scale, Structured Clinical Interview for DSM-IV, and Clinician-Administered PTSD (posttraumatic stress disorder) Scale for DSM-IV. Results Psychological manipulations, humiliating treatment, exposure to aversive environmental conditions, and forced stress positions showed considerable overlap with physical torture stressors in terms of associated distress and uncontrollability. In regression analyses, physical torture did not significantly relate to posttraumatic stress disorder (odds ratio, 1.41, 95% confidence interval, 0.89-2.25) or depression (odds ratio, 1.41, 95% confidence interval, 0.71-2.78). The traumatic stress impact of torture (physical or nonphysical torture and ill treatment) seemed to be determined by perceived uncontrollability and distress associated with the stressors. Conclusions Ill treatment during captivity, such as psychological manipulations, humiliating treatment, and forced stress positions, does not seem to be substantially different from physical torture in terms of the severity of mental suffering they cause, the underlying mechanism of traumatic stress, and their long-term psychological outcome. Thus, these procedures do amount to torture, thereby lending support to their prohibition by international law. Author Affiliations: Section of Trauma Studies, Institute of Psychiatry, King's College, University of London, London, England (Drs Baolu and Livanou); and Department of Psychiatry, Clinical Hospital Zvezdara, Belgrade, Serbia (Dr Crnobari ).

segunda-feira, 5 de março de 2007

Redução dos homicídios em São Paulo: aumento do investimento em segurança e o efeito adverso.

Na Folha de S.Paulo, mais explicações sobre a queda dos homicídios em São Paulo, pelo sociólogo Cláudio Beato da UFMG. Finalmente, discutir a redução do homicídio deixou de ser tabu para a imprensa paulista. Concordo com ele, sobre a pouca importância, para não dizer da imprecisão metodológica do já famoso "Mapa da Violência". Mas, Cláudio cometa um erro ao afirmar que as regiões metropolitanas de Rio e São Paulo representam 40% dos homicídios, essa proporção foi menor em 2004: 12523/4874 ou 26%. Outro aspecto importante da entrevista foi afirmar que não sabe o que acontece em várias áreas, principalmente em Pernambuco. Bom, muito bom mesmo, um intelectual afirmar que não sabe explicar um fato. Sem qualquer ironia. Abaixo, trecho da entrevista onde valoriza a política de Covas, mas ressalta um efeito adverso, a organização prisional decorrente do número elevado de prisões. FOLHA - Por que São Paulo diminuiu algumas taxas em proporções maiores que as de Bogotá? BEATO - No caso de São Paulo, o importante foi o investimento feito em segurança pública desde a época de Mário Covas [1995-2001]. Covas fez cortes em quase todas as áreas, menos em segurança. Hoje o sistema de segurança de São Paulo é um dos mais bem montados do país. Apareceram outros problemas. Tiraram criminosos das ruas, mas permitiram que se organizassem nas prisões. FOLHA - E as políticas sociais? BEATO - Eu ia falar disso. Ao lado do investimento em segurança, em prisões, você teve um sem número de atividades de sociedade civil, de programas em escolas, no Jardim Ângela. A gente não sabe o impacto desses programas. Houve uma reação da sociedade contra a violência. Algumas prefeituras, tal como a de Diadema, começaram a se envolver no combate à violência. Os governos também desenvolveram um grande número de projetos sociais. Você não reduz crime com uma medida só, é sempre uma somatória de ações.

domingo, 4 de março de 2007

A nova diáspora africana: médicos e enfermeiros.

Esse assunto já foi tratado aqui, no exemplo dos médicos de Gana. Agora, o The Center for Global Development publica (http://www.cgdev.org) um relatório completíssimo sobre a nova diáspora africana: a de médicos e enfermeiros. Os dados são impressionantes, por exemplo em Moçambique tem 1200 médicos trabalhando em Portugal, há mais de cinco mil médicos marroquinos na França.Faltam enfermeiros em Angola, mas há 1600 trabalhando em Portugal.Reino Unido e Estados Unidos empregam cada um 20 mil enfermeiros de vários países africanos. Em suma, países pobres financiam a formação de profissionais que têm carência e, provavelmente suprem parte da falta contratandos cubanos.
Pergunta: não seria essa transferência de mão de obra qualificada também uma diáspora infame? Talvez, somente superada por aquela outra diáspora dos séculos XVI-XIX da África para as três Américas. O texto abaixo pode ser lido na íntegra em http://www.cgdev.org/content/publications/detail/12908/
The migration of doctors and nurses from Africa to developed countries has raised fears of an African medical brain drain. But empirical research on the causes and effects of the phenomenon has been hampered by a lack of systematic data on the extent of African health workers’ international movements. We use destination-country census data to estimate the number of African-born doctors and professional nurses working abroad in a developed country circa 2000, and compare this to the stocks of these workers in each country of origin. Approximately 65,000 African-born physicians and 70,000 African-born professional nurses were working overseas in a developed country in the year 2000. This represents about one fifth of African-born physicians in the world, and about one tenth of African-born professional nurses. The fraction of health professionals abroad varies enormously across African countries, from 1% to over 70% according to the occupation and country. These numbers are the first standardized, systematic, occupation-specific measure of skilled professionals working in developed countries and born in a large number of developing countries. Center for Global Development New data on African health professionals abroad - Working Paper 95 Michael A. Clemens and Gunilla Pettersson 1776 Massachusetts Ave. NWThird FloorWashington DC 20036Phone: (202) 416-0700Fax: (202) 416-0750E-mail: cgd@cgdev.org

O debate sobre a violência: OEI e Secretaria de Segurança de São Paulo

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo contesta o "Mapa da Violência" publicada por essa ONG de governos, chamada OEI. (afinal, financiada ou não pelo contribuinte brasileiro??) Com razão em parte, afinal a qualidade do Mapa é muito inferior às quatro edições de "Estudos Criminológicos" da própria Secretaria. O ponto vulnerável do Mapa é tentar determinar taxas de mortalidade em municípios com população muito pequena. Epidemiologistas, sabemos que isso não se faz porque a variância é grande.... A crítica que nãos se sustenta é que o Mapa segue a lógica da saúde. Não é verdade, o Mapa chupa as informações do Datasus oriundas das secretarias de Estado.
Mas, afinal porque o Mapa tem tanto destaque e as Informações Criminológicas nenhum? Um paranóico diria que é porque uma informação é tucana e outra petista e, como a imprensa é dominada por....
Bobagem. A resposta mais plausível é que uma ONG governamental tem mais credibilidade entre a intelectualidade (mesmo quando utiliza dados já processados pelo próprio Ministério) quando comparada ao prestígio de uma Secretaria de Estado (mesmo quando financia trabalhos intelectualmente de valor).
Outra explicação é formal. O Mapa, apesar de desprovido de conteúdo é colorido e distribuído previamente à imprensa para que os jornais preparem com antecedência cadernos especiais. Em oposição, os Informes Criminológicos se confundem com teses acadêmicas, incluindo a apresentação de curvas de regressão multilinear e logística.
Abaixo, trecho do debate na Folha de S. Paulo
Para o governo do Estado de São Paulo, o "Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros" divulgado no início da semana pela OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos) apresenta sérias distorções no que diz respeito à criminalidade.A principal conclusão do estudo, apresentado em Brasília pelo Ministério da Saúde, é a de que 10% dos municípios brasileiros -boa parte distribuídos pelo interior do país, longe das regiões metropolitanas- concentram 72% dos 48,3 mil homicídios registrados em 2004.O mapa da violência, feito pelo sociólogo argentino Julio Jacobo Waiselfisz, 68, apontou que o Estado de SP tem 71 cidades (12,77%) entre as 556 tidas como as mais violentas do país quando o tema é homicídio.De acordo com Túlio Kahn, 41, sociólogo, coordenador da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento) e responsável por todos os estudos de violência da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, é preciso esclarecer as diferenças entre os conceitos da violência da área da Saúde, base para o mapa recém divulgado, e o da área da segurança pública."Para a área da saúde, a preocupação é saber onde vão ser construídos hospitais, quantos médicos precisam ser contratados, quantos leitos precisam ser criados. Para a saúde, não interessa se uma morte é culposa [sem intenção] ou dolosa [intencional]", diz Kahn.Na contramão das preocupações da área da saúde com as mortes violentas, Kahn aponta a ótica da polícia, baseada na classificação jurídica."A gente está interessado nos crimes dolosos, intencionais e que, do ponto de vista do planejamento das ações policiais, é alguma coisa que a polícia tem de lidar de uma forma diferente. Temos de ter outro tipo de ação com relação ao suicídio, acidentes", explica.Para Kahn, outro problema que causa distorções no ranking das cidades mais violentas é que a pesquisa da área da saúde leva em conta o local onde a vítima vivia."A Secretaria da Segurança não quer saber onde a vítima morava, quer saber onde aconteceu o crime. Porque se tiver que alocar viaturas, efetivo [policial], eu quero saber onde estava o criminoso", fala Kahn.Em alguns casos, nas cidades com rede hospitalar boa, a taxa de homicídio é inflada, como nas regiões metropolitanas. Autor do "Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros", o sociólogo argentino Julio Jacobo Waiselfisz, 68, admite que seu estudo, uma "lupa" do que foi a violência nos 5.560 municípios brasileiros existentes entre 2002 e 2004, tem pequenas distorções, mas que sua maior preocupação era chamar a atenção para a canalização de políticas públicas de segurança.