sábado, 24 de fevereiro de 2007

Uma noite no Pronto-Socorro: 17 pacientes a mais, o ex-ministro com Jaguar, os acompanhantes bêbados.

O Ministro do Planejamento irá cortar R$5,8 bilhões da área da saúde. Vários hospitais não receberam os recursos SUS de janeiro, entre eles o Hospital Universitário da USP. O HU está com equipe completa e todos os leitos em funcionamento. Leiam agora, o relato do chefe do plantão do HU. O plantão foi iniciado às 19 hs de sexta-feira (23/02) e finalizado no sábado (24/02). Os nomes foram omitidos. Pergunto: até quando será possível manter a assistência médica adequada em hospitais de ensino, cada vez mais procurados e funcionando acima da capacidade instalada?
Abaixo, o relatório que precisa ser lido na íntegra.
Iniciamos plantão com casa cheia, equipe completa; ar seco e tempo quente; * Semi Intensiva com 8 pacientes; UTI-Adultos com 9 pacientes; * Berçário com 10 vagas; UTI-NEO com 5 pacientes; * UTI-PED com 6 pacientes (o sexto paciente – [nome omitido] - entrou na UTI as 19:00 horas com necessidade de autorização, por parada cardio-respiratória e febre); * PS-Adultos com 16 macas EXTRAS e 1 cadeirante * PS-Infantil com movimento intenso, com pacientes e pais ocupando o corredor até 0:00 horas * aviso CRCO/COBOM/COPOM/SAMU: * ligo para PS [nome omitido] e PS [nome omitido]: ambos só dispõe de clínicos de Plantão. Nosso movimento de Ortopedia e Cirurgia fica intenso. O movimento de Clínica.Médica mantém-se alto como sempre. * as 1:45 horas +/- pára na porta lateral do PS um carro de luxo - Jaguar - com homem ordenando maca e alguém para atender sua mãe que passava mal. Não teve paciência de aguardar a abertura da porta lateral e começou a chutá-la, não teve paciência de aguardar a maca e começou a tirar fotos do PS e a ditar palavras pouco elogiosas ao Hospital. Dizia-se ex-ministro da justiça e jornalista e iria processar a todos. Quando a PM - que estava no PS - chegou á porta, o indivíduo saiu em disparada com seu carro. (OBS: infelizmente eu não estava em outro local). Mais um caso de fotos e gravadores de pessoas que vêm a este PS com intenções estranhas e ameaças ao bom andamento do serviço. * as 2:30 horas, autorizo a 11a vaga da UTI-A para paciente da Ortopedia de 36 anos com fratura exposta de coxa em septicemia - havia realizado limpeza cirúrgica nesta mesma noite, com piora importante das condições clínicas nas últimas horas * as 03:50 horas chegou ao PSA o paciente [nome omitido], com luxação de ombro durante briga, acompanhado de 2 mulheres e 1 homem, todos com evidente ingestão etílica elevada. Agrediram verbalmente o ortopedista, a residente de ortopedia, os seguranças e não permitiram o atendimento adequado do paciente. Foi necessário acionar a PM para retirar do PS os acompanhantes para que o atendimento fosse realizado. Paciente saiu do PS com ombro reduzido, com velpo, encaminhamento, orientação, atestado e receita as 5:45 horas pedindo desculpas.

Equívoco da agenda presidencial

Para um Presidente da República que não tem pressa para definir o ministério pouca surpresa na escolha de sua agenda. Ontem, foi a inauguração do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, agora chamado de Lily e Edmond Safra pelo apoio de Lily Safra - proprietária da rede Ponto Frio - ao projeto. O instituto é idealização de Miguel Nicolellis, professor da Duke University, fmuspiano e palmeirense roxo. Sua Excelência, o Presidente da República poderia estar presente em Natal e cumprimentar a iniciativa de Miguel e colegas. Não, preferiu visitar o Corinthians, onde o presidente do clube sem cerimônia pediu 500 milhões para construir um estádio. Esse clube como os demais se apossaram de vários terrenos públicos e, o Corinthians nunca utilizou a propriedade de Itaquera. Além disso os clubes são caloteiros do INSS/FGTS e, estão associados a lavagem de dinheiro nas compras, vendas, recompras e revendas de jogadores. Parabéns a Miguel e colaboradores, que o exemplo de Lily Safra se espalhe e que o Presidente da República escolha melhor suas companhias.

Darwin, Mendel, Freud e Marx.

Estamos no século XXI, mas ainda dependentes de homens do século XIX como os do título. Fernando Gabeira, na Folha de S. Paulo, faz uma síntese interessante dos novos conhecimentos em seu surgimento. Bom conselho para jovens.Aos mais velhos, talvez um consolo para explicar tantos fracassos.
Embora baseados em métodos experimentalmente controlados, os entusiastas da genética poderiam olhar para o século passado, em que a psicanálise floresceu. No princípio, há uma forte tendência totalizante, uma grande vontade de explicar tudo a partir da nova teoria. O marxismo apanhou muito da realidade. Em tese, também deveria ser um bom conselheiro. Mas quem abre mão de explicar tudo, definitivamente? Os homens apenas mudam de cama, mas continuam sonhando com o absoluto

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Dix Amico é um sucesso e revela o motivo.

A Dix é uma operadora de planos de saúde que mais cresce no país com fusões e aumento de sua carteira constituída 70% por planos populares-coletivos (funcionários não graduados) e o restante individual. A prioridade é a "classe C". Apesar de uma rede de convênios, a empresa utiliza prioritariamente serviços próprios. Segundo, um dos proprietários: "o segredo é controlar o custo médico". O texto completo pode ser lido em Isto É Economia.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Horário de verão: já vai tarde!

Horário de verão acaba no domingo no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Já vai tarde, se é que deveria ter começado. Abaixo reproduzo notícia como sempre oficialesca falando de economia que ninguém de fato sabe ser real. E, a luz acesa durante a manhã?
Sou contra porque altera ritmo biológico e, porque representa uma verdadeira maldade com a maioria da população que acorda cedo. Jornalistas e publicitários acordam tarde, gostam do final de tarde mais claro. Por isso, não se importam ou louvam a medida que aumenta o consumo de cerveja, acredito.
Mas, estudantes, professores, profissionais de hospitais e, o restante dos trabalhadores são forçados a acordar no escuro e, se dirigir aos locais de estudo e trabalho no breu.
Fácil para o jornalista reproduzir o que diz o Ministério, difícil acordar cedo e se dirigir ao terminal Santo Amaro (São Paulo) às 6 horas da manhã para ver os ônibus apinhados de gente que acorda muito cedo.
Informações sobre o ritmo biológico podem ser lido em http://www.icb.usp.br/cronos Texto de O Globo, 21/02/07
O principal objetivo da alteração do horário é aproveitar melhor a luz natural ao entardecer, diminuindo o gasto de energia. A Agência Brasil informou que a previsão do Ministério de Minas e Energia era reduzir o consumo de 4% a 5% durante o horário de pico, o que representa 2 mil megawatts _o suficiente para abastecer cerca de 2 milhões de casas. Esta é a 36ª edição do horário de verão. Além do Distrito Federal, a medida abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Merck Sharp & Dhome forçava a barra para impor a vacina para o HPV.

Notícia do The Wall Street Journal (abaixo) revela a ação da empresa Merck (no Brasil, Merck Sharp & Dhome) em forçar que os Estados americanos tornassem o Gardasil, vacina para o HPV, fator de risco para o câncer de colo uterino, obrigatório para adolescentes. A reação dos pais e educadores foi grande o suficiente para que a empresa suspendesse o lobby nos Estados.
Aqui, haverá uma reportagem de capa em um das semanais, uma reportagem de duas páginas em um dos três grandes jornais e, um hospital jetset irá abrir uma clínica de HPV. Aguardem.
Já foi dito aqui que a vacina será disponível em Brasília, mas não em Brasília Teimosa em Recife.
Merck Suspends Campaign to MakeGardasil Vaccination Mandatory By JOHN CARREYROU and SARAH RUBENSTEINFebruary 20, 2007 6:39 p.m. Merck & Co. said it would stop lobbying states to pass laws requiring that preteen girls be vaccinated against cervical cancer in the face of a growing backlash among parents, physicians and consumer advocates. Merck's aggressive lobbying campaign was intended to boost sales of its Gardasil vaccine, which received Food and Drug Administration approval last year. Gardasil provides protection against two strains of the human papillomavirus that are thought to cause the majority of cervical-cancer cases. But unlike a number of other diseases that U.S. schoolchildren are required to be vaccinated against, HPV isn't an airborne virus that can spread easily in a group setting. Rather, it is sexually transmitted. Gardasil also stands apart from other vaccines that are compulsory because of its high cost: $360 for a three-dose regimen. In recent weeks, opposition to state mandates has grown among parents who want the freedom to make such a medical decision on their own and are worried about exposing their children to the unforeseen side effects of a new vaccine. Physicians and consumer advocates have also questioned the need to immunize young girls against a disease that is no longer very prevalent in the U.S. and doesn't develop until much later in life. Merck's lobbying efforts have become a distraction from the company's goal of immunizing as many women as possible against cervical cancer, said Richard Haupt, Merck's executive director of medical affairs. Merck has "decided at this point not to lobby for school laws any further." More than 20 states have drafted bills that would make vaccination of pre-teen girls against HPV compulsory. Earlier this month, Texas Gov. Rick Perry issued an executive order mandating that the vaccine be administered to all girls entering the 6th grade in the state as of September 2008. One of Merck's lobbyists in Texas is Gov. Perry's former chief of staff, and Merck's political action committee contributed $6,000 to the governor's re-election campaign. Merck has also been funding Women In Government, a Washington, D.C.-based advocacy group made up of female state lawmakers. An executive from Merck's vaccine division, Deborah Alfano, sat on Women In Government's business council last year, and a number of the bills across the country have been introduced by members of the group. A spokesman for Merck, Ray Kerins, declined to say how much money the company had spent on the lobbying campaign. Merck is eager to build Gardasil's sales quickly to offset patent expirations on some of its bestselling drugs and its mounting legal costs over its withdrawn painkiller Vioxx. "It's a good decision because I think it's true that the discussion about mandates was a distraction -- it is a distraction," said Joseph Bocchini, chairman of the committee on infectious diseases of the American Academy of Pediatrics. Dr. Bocchini said he was concerned that parents would decide against vaccinating their children because of the controversy when they might have otherwise opted to do so. Merck recently asked Dr. Bocchini about his opinion on the controversy, he added. Dr. Bocchini noted that state mandates are usually passed to control the spread of a highly infectious disease like chicken pox. The focus with Gardasil at this point should be on educating patients about the vaccine and cervical cancer, and making sure that patients can afford the vaccine, he said. Merck's marketing campaign for Gardasil has emphasized that cervical cancer is the second-leading cancer among women around the world. But screening with Pap smears has dramatically reduced the disease's incidence in the U.S. The American Cancer Society estimates that 3,670 American women will die from cervical cancer this year, the equivalent of 0.65% of U.S. cancer deaths. Cervical cancer is a much bigger problem in the developing world. Moreover, inoculation with Gardasil won't obviate the need for regular Pap tests because some 30% of cervical cancers are thought to be caused by other HPV strains not covered by the vaccine.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Privacidade de bancos de dados eletrônicos.

A existência do prontuário médico eletrônica é postulada desde o início dos anos 80, mas somente agora está se concretizando. A vantagem de acesso por outro médico, em outro local, a qualquer hora é fascinante. Porém, a possibilidade de manter a inviolabilidade do sistema é muito mais difícil do que atualmente com os prontuários de papel. Uma piada é que a letra é tão ruim, que não há quem consiga decifrar as informações presentes. Abaixo, texto do The Wall Street Journal.
Warnings Over Privacy of U.S. Health Network By ROBERT PEAR Published: February 18, 2007 WASHINGTON, Feb. 17 — The Bush administration has no clear strategy to protect the privacy of patients as it promotes the use of electronic medical records throughout the nation’s health care system, federal investigators say in a new report. In the report, the Government Accountability Office, an investigative arm of Congress, said the administration had a jumble of studies and vague policy statements but no overall strategy to ensure that privacy protections would be built into computer networks linking insurers, doctors, hospitals and other health care providers. President Bush has repeatedly called for the creation of such networks, through which health care providers could share information on patients. In 2004, Mr. Bush declared that every American should have a “personal electronic medical record” within 10 years — by 2014. With computerized records, he said, “we can avoid dangerous medical mistakes, reduce costs and improve care.”