sexta-feira, 2 de maio de 2008

Desrespeito ao médico brasileiro: ezitimiba

Duas vezes citei a grande fanfarronice da Big Pharma no estudo Enhance e, na comercialização da Ezitimiba. Hoje, estive no Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, o maior evento da especialidade abaixo do Rio Grande e, tal como vários colegas, fiquei surpreso com a cara de pau dos marqueteiros locais da Big Pharma. Estão divulgando o ezitimiba como se os resultados do Enhance não tivessem sido publicados e divulgados.

Caramba, carambola...

Divulgou-se (veja aqui) que na cidade de Jaú o suco de carambola foi proibido pela Câmara Municipal. Faz sentido considerando o conhecimento adquirido e publicado pela equipe da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto cujo artigo completo pode lido clicando aqui. Destaquei esse fato para mostrar como a cadeia: (1) observação clínica;(2) estudo epidemiológico; (3) proposta de saúde pública. Com o aumento da vida média da população, a função renal média também se reduzirá e, os riscos aumentarão.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Um belo trabalho de "los hermanos": IECS

Abaixo, trabalho original publicado no The New England Journal of Medicine realizado pelos "hermanos porteños". O conteúdo é muito bom, mas o destaque aqui no blogue vai pela trabalho do Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria da Argentina. Infelzmennte, não temos nada ainda definido nessa área no país.
Behavioral Intervention to Improve Obstetrical Care Fernando Althabe, M.D., Pierre Buekens, M.D., Eduardo Bergel, Ph.D., José M. Belizán, M.D., Marci K. Campbell, Ph.D., Nancy Moss, Ph.D., Tyler Hartwell, Ph.D., Linda L. Wright, M.D., for the Guidelines Trial Group ABSTRACT Background Implementation of evidence-based obstetrical practices remains a significant challenge. Effective strategies to disseminate and implement such practices are needed. Methods We randomly assigned 19 hospitals in Argentina and Uruguay to receive a multifaceted behavioral intervention (including selection of opinion leaders, interactive workshops, training of manual skills, one-on-one academic detailing visits with hospital birth attendants, reminders, and feedback) to develop and implement guidelines for the use of episiotomy and management of the third stage of labor or to receive no intervention. The primary outcomes were the rates of prophylactic use of oxytocin during the third stage of labor and of episiotomy. The main secondary outcomes were postpartum hemorrhage and birth attendants' readiness to change their behavior with regard to episiotomies and management of the third stage of labor. The outcomes were measured at baseline, at the end of the 18-month intervention, and 12 months after the end of the intervention. Results The rate of use of prophylactic oxytocin increased from 2.1% at baseline to 83.6% after the end of the intervention at hospitals that received the intervention and from 2.6% to 12.3% at control hospitals (P=0.01 for the difference in changes). The rate of use of episiotomy decreased from 41.1% to 29.9% at hospitals receiving the intervention but remained stable at control hospitals, with preintervention and postintervention values of 43.5% and 44.5%, respectively (P<0.001 for the difference in changes). The intervention was also associated with reductions in the rate of postpartum hemorrhage of 500 ml or more (relative rate reduction, 45%; 95% confidence interval [CI], 9 to 71) and of 1000 ml or more (relative rate reduction, 70%; 95% CI, 16 to 78). Birth attendants' readiness to change also increased in the hospitals receiving the intervention. The effects on the use of episiotomy and prophylactic oxytocin were sustained 12 months after the end of the intervention. Conclusions A multifaceted behavioral intervention increased the prophylactic use of oxytocin during the third stage of labor and reduced the use of episiotomy. (ClinicalTrials.gov number, NCT00070720 [ClinicalTrials.gov] ; Current Controlled Trials number, ISRCTN82417627 [controlled-trials.com] .

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Posicionamento ideológico

Localize-se na bússola político-ideológica. É divertido, gratuito e, rápido. Acesse ttp://www.politicalcompass.org/test. Estou próximo a Gandhi e Nélson Mandel conforme se vê no ponto vermelho. À esquerda da direita e à direita da esquerda. O mais liberal dos autoritários ou o mais autoritário dos liberais? A evolução ideológica é fato muito comentada e descrita, em várias culturas. Nos Estados Unidos, há uma piada entre dois indivíduos no final dos anos 90, que sintetiza parte da minha geração. Pergunta: What about your political profile? Resposta: During the 60's, radical; During the the 70', liberal; 80's, conservative. Pergunta: And so, right now? Resposta: I just follow sports!!

Uma péssima notícia: substitutos do sangue aumentam risco de infarto do miocárdio.

Não foi dessa vez que o "sonho" de um substituto para o sangue foi possível. Fica para a próxima. Essa é um péssima notícia visto que não há segurança total no controle do sangue, por melhor que seja a triagem imunológica. Está no site do JAMA.
Cell-Free Hemoglobin-Based Blood Substitutes and Risk of Myocardial Infarction and Death A Meta-analysis JAMA. 2008;299(19):(doi:10.1001/jama.299.19.jrv80007). Context Hemoglobin-based blood substitutes (HBBSs) are infusible oxygen-carrying liquids that have long shelf lives, have no need for refrigeration or cross-matching, and are ideal for treating hemorrhagic shock in remote settings. Some trials of HBBSs during the last decade have reported increased risks without clinical benefit. Objective To assess the safety of HBBSs in surgical, stroke, and trauma patients. Data Sources PubMed, EMBASE, and Cochrane Library searches for articles using hemoglobin and blood substitutes from 1980 through March 25, 2008; reviews of Food and Drug Administration (FDA) advisory committee meeting materials; and Internet searches for company press releases. Study Selection Randomized controlled trials including patients aged 19 years and older receiving HBBSs therapeutically. The database searches yielded 70 trials of which 13 met these criteria; in addition, data from 2 other trials were reported in 2 press releases, and additional data were included in 1 relevant FDA review. Data Extraction Data on death and myocardial infarction (MI) as outcome variables. Results Sixteen trials involving 5 different products and 3711 patients in varied patient populations were identified. A test for heterogeneity of the results of these trials was not significant for either mortality or MI (for both, I2 = 0%, P .60), and data were combined using a fixed-effects model. Overall, there was a statistically significant increase in the risk of death (164 deaths in the HBBS-treated groups and 123 deaths in the control groups; relative risk [RR], 1.30; 95% confidence interval [CI], 1.05-1.61) and risk of MI (59 MIs in the HBBS-treated groups and 16 MIs in the control groups; RR, 2.71; 95% CI, 1.67-4.40) with these HBBSs. Subgroup analysis of these trials indicated the increased risk was not restricted to a particular HBBS or clinical indication. Conclusion Based on the available data, use of HBBSs is associated with a significantly increased risk of death and MI

A nossa Big Pharma: antes tarde

Finalmente, a proposta da Big Pharma Brazil (veja reportagem da Folha de S. Paulo, abaixo) , que necessariamente será sulamericana começa a sair dos devaneios de alguns para se tornar realidade. Não há país com pesquisa científica na área biomédica sem a sua correspondente Big Pharma. Depois da concretização da empresa, a Petrobrás deveria aportar capital, tal como a Elf -petroleira francesa - fez na Sanofi permitindo à França participar do jogo dominado pelos EUA, Reino Unido, Suíca, Suécia e Japão, pelo lado da inovação e, pela India e China,no lado, não menos importante, da cópia.
BNDES planeja criar superfarmacêutica a partir de alianças Meta é viabilizar empresa capaz de investir fortemente em inovação e contribuir para reduzir déficit comercial do setorEstratégia se assemelha ao modelo usado para criar a supertele nacional, anunciada em negócio que uniu Oi e Brasil Telecom JANAINA LAGEDA SUCURSAL DO RIO O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) articula a criação de uma superfarmacêutica nacional, que poderia ser viabilizada a partir da fusão de grupos nacionais que atuam no setor. O banco não divulga nomes, mas afirma que está intermediando conversas entre empresas.A lógica tem semelhanças com o modelo de criação da supertele nacional: o banco tem interesse em entrar como sócio da empresa e assegurar poder de veto a operações que poderiam resultar na desnacionalização da companhia.O objetivo do BNDES é criar uma empresa com faturamento de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões, com envergadura suficiente para investir fortemente em inovação, tanto em melhoria de medicamentos como em desenvolvimento de novas drogas. Isso pode contribuir também para reduzir o déficit da balança comercial do setor, uma das mais elevadas."O presidente Luciano Coutinho tem nos orientado para trabalhar de forma pró-ativa, para tentar induzir alianças entre empresas. Essas alianças podem ser acordos mercadológicos, fusões ou aquisições. Existem conversas em andamento", afirmou Pedro Palmeira, chefe do Departamento de Produtos Intermediários Químicos e Farmacêuticos.A opção preferencial do banco é a de se tornar acionista minoritário nos novos empreendimentos, com 20% a 30% do capital. O banco defende a criação de uma empresa 100% nacional, mas admite a hipótese de associação, em fatia minoritária, com uma empresa estrangeira, desde que ela traga tecnologia de ponta para o país."A inovação é o oxigênio dessa indústria. Se os empresários não comprarem essa idéia, vamos estar relegados a um papel de periferia eterna no jogo global das indústrias farmacêuticas", afirmou. Em 2007, o déficit da balança comercial de medicamentos foi de R$ 2,775 bilhões e o de farmoquímicos (insumos na produção de farmacêuticos), de R$ 1,327 bilhão.

domingo, 27 de abril de 2008

"Mais esforço a cultuar e reforçar a diferença, em vez de buscar a igualdade"

Abaixo, reproduzo a excelente entrevista do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) sobre a questão de Roraima. Li, quase tudo publicado na imprensa brasileira. Ele foi o único que mostrou que conhece a região. Ele descreve o poder da ONGs e, a caracterização que elas fazem do índio como não-brasileiro, ao negar que os índios se sintam representados pela seleção nacional de futebol, mais conhecido como "escrete canarinho". Copio a resposta que sintetiza o desespero que muitos que sempre lutaram pela igualdade, mas agora assistem companheiros cultuando a diferença e desigualdade.
O sr. trata índios e não-índios como brasileiros, mas a antropologia pensou a demarcação como modo de preservar o diferente.
Eu sou tributário da minha formação marxista, da luta pela igualdade. Hoje, há uma grande parcela da esquerda que, depois de capitular diante das dificuldades para transformar o mundo, dedica mais esforço a cultuar e a reforçar a diferença, em vez de buscar a igualdade. Sei que isso tem peso muito grande na formação das opiniões sobre, por exemplo, convivência étnica. Mas a realidade em Roraima não se manifesta assim, eu sei porque vi, percorri toda aquela calha da fronteira, entrei nas áreas indígenas.

CQD: mão de obra paraguaia na construção civil

Está no Estadão desse domingo: empresas da construção civil estão recrutando mão de obra no Paraguai. O número apresentado é pequeno, somente onze na Norberto Odebrecht. Mas, se empresa grande que registra em carteira e paga direitos trabalhistas já está contratando estrangeiros, o que dizer então da imensa maioria de pequenos empreiteiros que trabalham na informalidade? !Qual será o impacto na assistência médica? Repito post de dezembro de 2006.
Segunda-feira, 18 de Dezembro de 2006 Bolivianos em São Paulo: implementar programas de saúde A reportagem de O Estado de S. Paulo (17/12/06) ilustra a realidade da migração boliviana em São Paulo. Se lermos sobre a situação daquele país e, principalmente o post anterior sobre a previsão demográfica no país notaremos que trata-se de fluxo definido e definitivo. Quem teve avó que trabalhou em tecelagem como menina nos anos 10 do século passado e, com ela conheceu os meandros da indústria e comércio de roupas, não pode conter a indignação, porém não se assusta com o ocorrido. Há duas questões, uma de ordem legal e jurídica e outra social que envolve tanto a saúde com a educação. Na área da saúde há necessidade de preparar o atendimento à essa população para evitar que alguns serviços dos quais não há excesso de procura como vacinação e pré-natal sejam evitados pelos bolivianos com medo de serem identificados. Essa proposta terá críticas da direita: "imigrantes que não pagam impostos e utilizam serviços públicos" e da esquerda "conivência com a exploração do trabalho". No entanto, serviços de saúde não são "agentes de migração" nem "reparadores de injustiças históricas". Ao que consta, o Centro de Saúde-Escola da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo já atua nas ações de saúde com a população boliviana em São Paulo. P.S. (21/12/06) O Centro de Saúde-Escola do Butantã também atua com programa específico com bolivianos morando na Comunidade São Remo. P.S. (23/12/06) A Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros que fica na avenida Celso Garcial já se especializou em partos de mulheres bolivianas, segundo leio no número três da revista Piauí. Gostaria de lembrar a um correspondente, um pouco ansioso que todas as crianças nascidas em território nacional, de pais estrangeiros, legais ou não, são cidadãos com os mesmo direitos que os descendentes diretos de Bartira e João Ramalho.