sábado, 16 de fevereiro de 2008

A função social de um blogue

Nelson Motta expressou ontem na Folha de S.Paulo sensação semelhante a que tive em período de férias: a dependência aos blogues políticos. Ele afirma no artigo que "Preciso me livrar do vício de ler blogs políticos. Começou por curiosidade, virou hábito e, depois, necessidade, várias vezes ao dia, em busca de emoções cada vez mais fortes, maiores escândalos e baixarias. São blogs perigosos, criam dependência, deveriam ter tarjas de advertência, como os cigarros, os remédios e as bebidas. E deveriam ser proibidos para menores, porque podem provocar graves danos em mentes jovens e sugestionáveis." Eu assumi como resolução de ano-novo, pena ver um site como "Observatório da Imprensa" fundado por Alberto Dines, entregue à sanha de "petralhas" ou agentes do "pig".
Porém, noto que há sites que cada vez mais auxiliam na difícil tarefa de se atualizar com rapidez, destaco no excelente "O Filtro" e, na área da saúde, o IN VIVO Blog e, enquanto Murdoch permita, a estupenda página do The Wall Street Journal e seu Health blog.
Acredito também que esse blogue está se tornando um produto acadêmico na área de extensão de serviços à comunidades.
Uma forma de passar informação com opinião de determinados assuntos com certa propriedade. "Certa", porque tal como Oscar Wilde, já não sou tão jovem para ter tantas certezas.
A criação das páginas permitem que artigos longos possam ser editados sem prejuízo da fluidez da leitura.
Alguns conceitos aqui expressos e documentados estão chegando ao grande público. Graças à leitura atenta desse blogue por profissionais de imprensa que não precisam citar o blogue, por um único motivo: o tripé da universidade é ensino, pesquisa e extensão de serviços à comunidade.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ex Big da Big Big Pharma desagrava epidemiologistas. E, agora speakers?

Imperdível a reportagem no The IN VIVO Blog sobre a saída de JP Garnier da Glaxo Smith Kline. Os pontos apresentados por ele decorrentes de vários problemas, mas principalmente do Avandia mostram o quanto a Big Pharma errou. Epidemiologistas estamos sendo desagravados pelo CEO da maior Big Pharma do ataque constante dos speakers da própria Big Pharma.
Há décadas que se critica o abuso dos "surrogate end-points". Leiam abaixo a opinião de Garnier sobre o uso da hemoglobina glicada como desfecho em oposição a um evento clínico como gangrena ou infarto do miocárdio. (clique aqui para ler a reportagem completa)
Expect to do more outcomes studies.“There will be more demands for outcome studies. People are even questioning whether hemoglobin A1c is a good indicator for diabetes. It is very easy to say well why don’t you do outcome studies and show us that over five or six years you can reduce the rate of gangrene and heart attacks and the like. Well, if we have to do that, it is going to be a long time before the product can hit the market. So we’re going to have to deal with this issue.”Once again, it is not just Avandia that supports that argument. Look at ENHANCE.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Diabetes: Resultados " in Advance "

Leia em "Clínica & Epidemiologia" o despacho da Reuters sobre o estudo Advance, que teria resultados distintos do Accord. Esquenta a briga Estados Unidos - Comunidade Européia no mercado do diabetes e obesidade. Em alguns momentos há interesses comuns, depois surgem divergências, principalmente com o FDA, agora de volta à velha forma motivada pela maioria democrata no Congresso. A Big Pharma ianque está sem perspectiva de manter a influência política do período George W. Por justiça a ele, iniciado nos tempos de B.Clinton. Mas, H.Clinton não será fácil para a Big Pharma, como foi B.Clinton.
Quanto ao Advance, interessante que um pesquisador como Rori Collins de Oxford tente ganhar o jogo no grito: o nosso estudo foi diferente! Melhor esperar a publicação, não Rori? Há diferenças importantes entre o Accord e o Advance importantes, como o alvo para redução da hemoglobina glicada e os medicamentos utilizados.
Para os inocentes que se divertem vendo gastos em cartões corporativos, esse debate é uma lição sobre interesse nacional. Duas potências travam uma luta surda por um mercado: o da obesidade e do diabetes. Em alguns momentos pensam nas corporações em outros, nas populações. Mas, sempre no seu país. Aqui, um ministro da Agricultura vai a público entregar a "rapadura". Leiam o blog do Alon para entender.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Depois de rações, brinquedos, agora a heparina: Made in China

Esse foi o informe do FDA na segunda-feira sobre as quatro mortes por heparina
FDA News FOR IMMEDIATE RELEASEFebruary 11, 2008 Media Inquiries: Karen Riley, 301-827-6244Consumer Inquiries: 888-INFO-FDA Baxter's Multiple-dose Vial Heparin Linked to Severe Allergic ReactionsFDA advises health care practitioners to switch suppliers and limit use of drug until problem identified The U.S. Food and Drug Administration announced today that Baxter Healthcare Corporation has temporarily stopped manufacturing multiple-dose vials of the injectable blood-thinning drug heparin due to reports of serious allergic reactions and hypotension (low blood pressure) in patients who receive high "bolus" doses of the drug.
Essa é explicação nessa quarta-feira à noite
Feb. 13, 2008 The U.S. Food and Drug Administration said it never inspected a Chinese facility that made the active ingredient of a Baxter International blood-thinner that is now under investigation. The blood-thinner probe started after reports of hundreds of allergic reactions and four deaths among its users.An FDA spokeswoman said the plant making the active ingredient for the drug heparin "was supposed to be inspected" but "due to human error, and inadequate information technology systems, a pre-approval inspection, which would normally be conducted, was not." The agency has inspected a facility in Cherry Hill, N.J., where the finished version of the drug was made, she said.

Brasil não é pobre: decisão do The New England Journal of Medicine

Para quem gosta de ranqueamentos como IDH e outros, abaixo há a relação dos países considerados de baixa renda para os quais o The New England Journal of Medicine permite acesso livre. O Brasil está na lista dos pagantes junto com México, Chile e Venezuela na América Latina, mais Cingapura, Rússia, Japão e países da Europa ocidental. A Argentina foi considerada "low income" ! Uma boa pauta para o excelentíssimo senhor Presidente da República explorar em seus discursos.
Access Outside the U.S. Full Text Access for Low-Income Countries The Journal makes online access free to the following list of low-income countries. Users from these countries will be recognized automatically by their IP addresses and allowed access to full text without charge. This program provides full-text access to all articles in both HTML and PDF formats; it does not include access to PowerPoint slides, personal archives, CME exams, PDA services, or letter alerts. Afghanistan Albania Algeria Angola Argentina Armenia Azerbaijan Bangladesh Belarus Belize Benin Bhutan Bolivia Bosnia and Herzegovina Bulgaria Burkina Faso Burundi Cambodia Cameroon Cape Verde Central African Republic Chad China Colombia Comoros Congo Côte d’Ivoire Cuba Djibouti Dominican Republic Ecuador Egypt El Salvador Equatorial Guinea Eritrea Ethiopia Fiji Gambia Georgia Ghana Guatemala Guinea Guinea-Bissau Guyana Haiti Honduras Indonesia Iran Iraq Jamaica Jordan Kazakhstan Kenya Kiribati Korea, Democratic People's Republic Kyrgyzstan Lao Latvia Lesotho Liberia Lithuania Macedonia, Madagascar MalawiMaldives Mali Marshall Islands Mauritania Micronesia, Fed. Sts. Moldova, Mongolia Morocco Mozambique Myanmar Namibia Nepal Nicaragua Niger Nigeria Pakistan Papua New Guinea Paraguay Peru Philippines Romania Sao Tome and Principe Senegal Sierra Leone Solomon Islands Somalia Sri Lanka St. Vincent and the Grenadines Sudan Suriname Swaziland Syria Tajikistan Tanzania, Thailand Togo Tonga Tunisia Turkmenistan Uganda Ukraine Uzbekistan Vanuatu Viet Nam West Bank and Gaza Yemen Yugoslavia, Zambia Zimbabwe Faster Access to NEJM.org Go to intl-content.nejm.org for faster access to NEJM Online from these areas: Australia, Brazil, China, France, Germany, Hong Kong, Ireland, Israel, Italy, Japan, Mexico, Russia, Singapore, South Africa, South Korea, Spain, Sweden, Switzerland, Taiwan, The Netherlands, UK ( More Information)

O assassinato do coronel, matadores e prioridades

Voltando ao assunto assassinato do coronel da PM. Hoje, o Estadão revela que há um grupo de extermínio dentro da PM, identificado como "Matadores do 18" em plena Freguesia do Ó. Eles ameaçam oficiais e provocam chacinas, diz o jornal.
O que seria mais importante a imprensa exigir do governador: apuração completa sobre os "Matadores do 18" ou o destino de 900 reais gastos no Mickey Presentes com o cartão corporativo?
O que seria mais importante ONGs de direitos humanos exigirem: apuração completa sobre os "Matadores do 18" ou a origem de vídeos idiotas no You Tube?
Domingo, 20 de Janeiro de 2008 O coronel, a chacina e a Anistia Internacional A leitura de jornais, revistas semanais, blogues mostra que o interesse pela morte do coronel da PM que investigava grupos de extermínios e a chacina de sete pessoas em São Paulo não teve repercussão. Por outro lado, o Estadão entrevista o "especialista em Brasil" da Anistia Internacional sobre os homicídios no Brasil e a queda das taxas em São Paulo. Ele sabe explicar tudo, por exemplo que as taxas altas de homicídios são decorrentes de "um abismo social e uma política de segurança pública baseada em repressão". Fácil, muito fácil. Depois, ele não aceita o fato de haver redução de homicídios em S.Paulo porque "os dados são controversos e não há estudo que explique a causa as causas. Só quando pudermos entender a queda dos homicídios poderemos comemorar". Esse, em outros são os que dizem que é certo e errado no país! Sobre São Paulo: primeiro, que os dados não são controversos; Segundo, fenômenos sociais são descritos e suas causas dificilmente são compreendidas. Esse é o senhor "especialista em Brasil". Imaginem o que não seja especializado!!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Restrição ao fumo: o exemplo italiano

O projeto de lei de restrição ao fumo ganha cada vez mais apoio e, se materializará em breve. Os efeitos do tabagismo passivo são de tal monta que não há como garantir o direito individual de fumar e, matar o próximo. Estudo italiano revelou redução em 11% dos casos de insuficiência coronariana aguda, após o banimento do cigarro naquele país.
Ao mesmo tempo a "civiziladíssima" Suécia resiste ao banimento do tabaco mascado. que é obviamente produzida por empresa local.
Leia o resumo de Circulation sobre a Itália e a notícia do The Wall Street Journal clicando aqui.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Clínica & Epidemiologia: longevidade, a história natural da doença coronariana e, a importância do controle da hipertensão.

Archives of Internal Medicine traz dois artigos com respectivos editorais sobre o tema do envelhecimento e da evolução da doença coronariana. Trata-se do Physicians´Health Study e do Omsted Study. O impacto da obesidade e diabetes é realçado em ambos, mas o tabagismo e o sedentarismo são fatores de risco muito mais impeditivos de se chegar aos 90 anos com saúde relativamente preservada.
Em Circulation analisou-se o impacto da pressão arterial não controlada na mortalidade cardiovascular, estado por estado, nos EUA. O controle da pressão arterial lá é pior nos estados sulinos, mulheres e, entre os mais pobres.
Resumo e comentários em Clínica & Epidemiologia, clique aqui para ler o resumo dos três artigos.