sábado, 20 de outubro de 2007

O elementar caro Watson

James Watson é o exemplo típico onde o adjetivo que inglês fica mais bonito: "overrated".
Já falou muita asneira. A última (não repetirei aqui) é pior de várias. Uma esquecida que a imprensa mundial toda entrou foi a cura do cãncer em 1998. Ele confidenciou a Gina Kolata que uma novo grupo de medicamentos - a angiostatina - revolucionaria o tratamento das neoplasias malignas e, que em dois anos, a cura chegaria a todos. Gina noticiou no The New York Times. Repercutiu em todo o mundo. Até Folkman, do Childrens Hospital de Boston, cientista principal dessa linha de pesquisa não entendia o porquê de tanto sensacionalismo. A razão, o elementar caro Watson.

Mais brasileiros do que chineses e indianos

Se o IBGE aceitasse todas as retificações de contagem populacional dos prefeitos - notícia de hoje, em todos jornais - seríamos a maior população do mundo, superando a Índia e a China. A ganância por mais recursos impulsiona os ataques ao IBGE e seus técnicos. No Censo de 2000 parte da imprensa embarcou na onda, sempre apresentando alguém - artista, celebridade - que não tinha sido abordado pelo Censo. Pura bobagem, os problemas de contagem são conhecidos e podem ser contabilizados pelos técnicos do IBGE.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Onde não existe impunidade no trânsito

A notícia abaixo saiu no The Boston Globe. Uma mulher com câncer de mama, 76 anos, talvez por "barbeiragem" entrou com o carro na entrada do hospital próximo a Boston, onde ela se tratava e, matou duas pessoas, ironicamente um médico radioterapeuta que poderia tratá-la no futuro. Os promotores não tiveram dúvida em acusá-la de homicídio doloso. (homicídio culposo em inglês é manslaughter) Ressalto que a senhora de 76 anos foi acusada, não condenada. Mas, acusada foi. Não sei como seria aqui. Mas, a "velhinha com câncer" seria vítima,não os filhos e viúvas dos dois mortos.
Essa é a diferença básica entre uma sociedade que não aceita que se mate com o carro, de outra que considera o acidente de trânsito como mera contigência de uma época.
Em Boston, quando do recebimento da licença de motorista, há necessidade de assinar um documento onde o motorista assume que ele está recebendo uma concessão de dirigir no estado de Masschusetts e, não exercendo um direito legal.
A 76-year-old Rockland woman whose car plowed into an entrance of Brockton Hospital Monday, killing two staff members, has been charged with motor vehicle homicide. Jane Berghold, a breast cancer patient, was at the hospital for an appointment when her car crashed into the hospital, killing Dr. Mark A. Vasa, chief of radiation therapy, and fatally injuring Susan Plante of East Bridgewater. Two other staff members were injured in the crash. Plymouth District Attorney Timothy Cruz has charged Berghold with two counts of motor vehicle homicide by negligent operation and one count of operating a vehicle to endanger, said Bridget Norton Middleton, a spokeswoman. She would not elaborate on why prosecutors filed charges. An initial court date has not been set.Berghold, her husband, and her son have said she tried to stop the car. A man who answered the phone today at the Berghold residence said the family would not comment.

Aumento da licença-maternidade: lógica demográfica

O Senado aprovou a proposta de extensão da licença-maternidade de 4 para 6 meses,mas com cláusula de compensação, via renúncia fiscal, para a empresa optante. O debate ideológico corre solto. Fico fora. Do ponto de vista estritamente demográfico, a medida é adequada. Países com taxa de fecundidade abaixo de 2,1 filhos por mulher em idade fértil necessita de políticas de incentivo à maternidade. Se essa medida será efetiva, há mais dúvidas do que certezas observando as experiência européias.
Apesar da lógica demográfica, sou testemunha de que as mulheres amam seus filhos, mas gostam também de trabalhar. A primeira amiga a engravidar, confidenciou-me, ainda na época dos 84 dias de licença, que ficar em casa o tempo todo não era exatamente atrativo a ela. Fiquei estarrecido, mas comprovei que a opinião dessa amiga seria a mesma de inúmeras outras amorosas e dedicadas mães.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Pedágio e morte nas estradas

A discussão dos governo federal e a do estado de São Paulo realizada pelos seus apoiadores na mídia é ridícula, para dizer o mínimo.
Proponho que uma parcela minúscula da privatização das rodovias permitsse a análise epidemiológica do acidente de trânsito. Já existe expertise entre os engenheiros e médicos de tráfego. O que eles fariam? Simplesmente, contariam o número de acidentes por trecho e construiriam taxas de acidentes. O numerador seria o número de acidentes (e de vítimas fatais) e o denominador o número de carros circulantes no trecho e período, uma informação que somente as rodovias pedagiadas permitem. Depois disso fariam uma análise sócioeconomica considerando todos os custos envolvidos. Aí, sim poderemos dizer quem cobra pouco, quem cobra muito. Afinal, melhor gastar 10 e, vivo do que 5 e, morto.

A pílula da barriga: dúvidas no EUA, lucro na Europa, publicidade no Brasil.

O Bom Dia Brasil levantou a bola do Acomplia, nome do rimonabant, como a pílula da barriga. (clique aqui para ver a reportagem) . Não entendi, afinal o medicamento aprovado pela ANVISA, recusado pelo FDA ainda não está no mercado. Na Europa, no entanto o sucesso é enorme e , a Sanofi está satisfeira. Abaixo reportagem do The Wall Street Journal.
Sanofi Satisfied with Acomplia in Europe Posted by Jeanne Whalen Although Sanofi-Aventis failed to get its obesity pill rimonabant approved in the U.S. this summer, the company says it’s satisfied with the uptake in Europe, where the medicine was launched last year. Nearly 300,000 Europeans are taking rimonabant, sold under the brand name Acomplia. About half of them are obese and also have type 2 diabetes, Pierre Chancel, Sanofi’s head of global marketing told the Health Blog. Chancel said Sanofi is pleased with this patient profile because the company wants the drug to be seen as a serious medical treatment and not just a pill for cosmetic weight loss. Sanofi is testing rimonabant as a treatment for diabetes in several big trials and plans to request regulatory approval for that use in 2009. So far Acomplia sales “are completely comparable to the ramp-up of anti-diabetic drugs…so 300,000 is something that is very satisfactory,” Chancel said. Some European governments have refused to pay for Acomplia, however, judging it a “lifestyle” drug with few real medical benefits despite the company’s arguments. Some patients are choosing to paying for it out of their own pocket, Chancel said. Acomplia costs about 2.60 euros per pill (or $3.68). Worries about psychiatric side effects, including suicidal thinking, weighed on a panel of medical experts who advised the U.S. FDA in June to reject the drug. Weeks later Sanofi withdrew its application to U.S. regulators for the medicine, while it gathers additional data to quell concerns about the drug. Stateside the brand name was to be Zimulti, which reminded the Health Blog of an Italian pasta dish.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Los muertos que vos matais: a impunidade no trânsito é parte da glorificação do marginal

A pauta "morte nas estradas" e "morte no trânsito" pegou. Nada diferente do passado, simplesmente com a redução dos homicídios, esse problema está cada vez mais candente. Há culpados de vários níveis e gradações. Vamos, por parte:
1. a imprensa que há dez anos fez pouco caso do novo Código de Trânsito e, se preocupa mais com valor de pedágio do que com a segurança nas estradas pedagiadas e não-pedagiadas;
2. proprietários que não mantêm os carros em condições mínimas de segurança, mas gastam em rádios novos, p.ex.;
2. a publicidade cervejeira que estimula o consumo de álcool;
3. governos que não cuidam e não cuidaram de estradas no seu devido tempo;
4. empresas automobilísticas que não utilizam no Brasil, os dispositivos de segurança existentes nos países de origem das empresas;
Porém, milhões de cidadãos utilizam carros inseguros em estradas inseguras, mas fazem a conservação do veículo e , não dirigem sob efeito do álcool. E, consequentemente não matam ninguém, a não ser na definição estrita de "fatalidade".
Ao contrário, há uma minoria extrema de homicidas que utilizam seus carros da forma a mais agressiva possível. A eles, nenhum perdão deve ser admitido, a não ser a mão pesada da lei. Seja ele jogador de futebol, membro do ministério público, comentarista da rede Globo ou pagodeiro. Matou, vai preso.
Parece que estamos acordando para o fato simples que "bandido é bandido" e que a "criminalidade se reduz combatendo o criminoso". Por isso, rigor na punição aos assassinos que portam carros, não revólveres é urgente.