sábado, 6 de janeiro de 2007

Vote na eleição do British Medical Journal.

O British Medical Journal está lançando a eleição da tecnologia mais importante desde 1840, data do primeiria edição da revista que está listada abaixo.

Vote em http://www.bmj.com anestesia antibióticos clorpromazina computadores descoberta da estrutura do DNA medicina baseada em evidência imageneologia imunologia terapia de reidratação oral pílula anticoncepcional risco do cigarro saneamento da água e controle de resíduosl cultura de tecidos vacinas meu voto foi para : saneamento da água e controle de resíduos; em segundo lugar, vacinas; em terceiro, antibióticos. Em último, a medicina baseada em evidências e cultura de tecidos. Computadores não deveriam constar dessa lista.

A carroça na frente dos cavalos: uma constante na política.

Recebi dois emails questionando a correção da frase no post anterior, onde referia que as atitudes de 2007 poderiam estar explicando os fatos em 2004. Sim, está correta a frase. Ela é uma provocação a uma constante na política e, nas políticas de saúde, onde um fenômeno do passado é explicado por outro surgido tempos depois. Alguns exemplos, discretos, para não machucar muito:
(1) a redução da mortalidade cardiovascular é descrita nos EUA desde o final dos anos 60 e, no Brasil desde o início dos anos 80. Tornou-se comum afirmar que a queda da mortalidade ocorreu em decorrência de técnicas que foram aplicadas muito tempo depois, como por exemplo o cardioversor de arritmias ou a trombólise do infarto do miocárdio;
(2) a queda da mortalidade infantil vem sendo observada há quase três décadas, porém há uma descrição na página do Ministério da Saúde que afirma que ela é em grande parte devida ao Programa Saúde da Família que surgiu há dez anos.
Sir Austin Bradford Hill (1897 – 1991) foi um dos mais imporantes epidemiologistas (na minha opinião, Richard Doll e ele foram os grandes esquecidos pela Academia de Ciências da Suécia, para o Prêmio Nobel). Ele cunhou as regras de causalidade e, uma delas versa sobre a temporalidade, onde afirma que uma efeito deve suceder temporalmente a uma causa. Ou, como ele disse a "os cavalos devem vir antes da carroça".
Uma boa incursão sobre o tema pode ser lido nesse artigo de acesso livre.
The Bradford Hill considerations on causality: a counterfactual perspective
Michael Höfler
The factor must precede the outcome it is assumed to affect Hill introduced this reflection with the proverb "Which is the cart and which is the horse?" For instance, he asked whether a particular diet triggered a certain disease or whether the disease led to subsequently altered dietary habits. According to Hill, temporal direction might be difficult to establish if a disease developed slowly and initial forms of disease were difficult to measure.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Homicídios: o caso do Rio de Janeiro.

Antes que alguém venha a público mostrar que as ações arquitetadas pelo governo do Rio de Janeiro e o federal (em janeiro de 2007) levaram a diminuição dos homicídios (em 2004), segue uma análise feita com os dados do Ministério da Saúde na página http://www.datasus.gov.br . Verifiquei as taxas brutas de homicídio para o sexo masculino entre 10 e 79 anos de idade no período de 1996 (nova classificação internacional de doenças) até 2004 (último ano disponível).
Alguns pontos:
(1) a cidade do Rio de Janeiro nesse período nunca foi a capital com as maiores taxas de homicídios;
(2) há um declínio discreto na cidade do Rio de Janeiro, mas consistente das taxas morte por agressões desde 2003;
(3) em São Paulo, onde aqueda dos homicídios foi a mais notável de todas as capitais e, esse declínio passou a ser relevante (2004) cinco anos depois do pico (1999). Se o mesmo comportamento se repetir no RJ, valores bem evidentes ocorrerão em 2008-09 na capital carioca. O mesmo fenômeno observou-se para Recife que foi a cidade com as piores taxas e, agora está apresentando declínio acentuado.
Uma provocação: a "coalizão tucano-petista" em Belo Horizonte transforma BH, de uma cidade com o maior aumento relativo de homicídios, em um burgo pacato, tal como se depreende da leitura dos jornais mineiros. "Violência? somente no Rio de Janeiro e São Paulo!", dizem por lá.
Para os curiosos:
(1) na soma das capitais há uma tendência de "estável" a "declinante" dos homicídios;
(2) o ranking de 2004 (multiplicado por 100 mil habitantes), também conhecido "da competição de quem se jogou do andar mais alto", visto que as taxas mais baixas estão longe do desejável.
Porto Velho = 163 Recife = 159 Maceió = 148 Vitória = 146 Belo Horizonte = 124 Rio de Janeiro = 107 Cuiabá = 97 Macapá = 92 todas capitais = 88 São Paulo = 87 Aracaju = 85 João Pessoa = 83 Curitiba = 78 Rio Branco = 74 Brasília = 74 Porto Alegre = 73 São Luís = 72 Campo Grande = 71 Salvador = 68 Boa Vista = 68 Goiânia = 65 Fortaleza = 63 Manaus = 63 Florianópolis = 62 Belém = 59 Teresina = 54 Palmas = 44 Natal = 33

O caso Norvir: um escândalo nos EUA, aqui quase silêncio.

The Wall Street Journal no dia 03/01/07 noticiou na primeira página (e, O Estado de S. Paulo reproduziu na parte do jornal terceirizado ao WSJ no dia seguinte) todo o trama da Abbott para alavancar a venda de Kaletra para aids aumentando em 5 vezes o valor de outro medicamento, o Norvir, também para aids, que é fundamental para que medicamentos de rivais possam atuar com eficácia.
Uma parte da reportagem mostra a tática da empresa
The debate at Abbott over Norvir provides a rare inside look at a pharmaceutical company's efforts to maximize profits and thwart competitors. The industry has come under fire in recent years for tactics such as heavy marketing of drugs that offer little advantage over older products and paying generic-drug makers to delay the introduction of cheap copycats. Norvir represents a twist in which a company took advantage of its monopoly over one drug to protect sales of another, more profitable one.
Porém, o mais interessante foi a transcrição de um email de um diretor da própria empresa:
One internal document warned the move would make Abbott look like a "big, bad, greedy pharmaceutical company."
Conclusão, a tática de aumento de preço funcionou, as vendas de Kaletra aumentara, mas o ministério público de Illinois está acionando a empresa e, vários pacientes estão processando a empresa.

Democratas e a negociação dos medicamentos.

Nesse blog, mesmo antes das eleições legislativas saudei a então possível maioria democrata como um controle da Big Pharma. Obviamente, o analista era estimulado pelo torcedor. Hoje, quando Nancy Pelosi assumiu a presidência da Câmara dos Deputados (Speaker of the House), The New England Journal of Medicine (http://www.nejm.org) apresenta texto de livre acesso comentando as possíveis mudanças. A realpolitik passa a imperar, mas uma das aberrações com a proibição de negociar um melhor preço para compra de medicamentos seria removida, porém seria mantida a compra por intermédio dos planos de saúde privados. Um pequeno trecho do artigo:
In short, Democrats may have enough votes to remove the "no negotiation" clause from the law, but they have little leverage to compel the administration to deal directly with drug manufacturers on prices.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Epidemiologia: abordagem prática

O livro "Epidemiologia: abordagem prática" de Isabela M. Bensenor e Paulo A. Lotufo pode ser adquirido nas principais lojas eletrônicas como Submarino (http://www.submarino.com.br) e Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br).
Editora: SarvierISBN: 8573781491 Ano: 2005 Edição: 1 Número de páginas: 304 Acabamento: Brochura Formato: Médio

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Publicidade e Flores: defenda São Paulo

O ano mal começou discute-se muito o cenário nacional, um pouco os governadores, mais vistos como futuros candidatos a presidente, do que como executivos com responsabilidades no presente. Passa despercebido nos principais jornais, a implantação da lei municipal abolindo os outdoors e outros tipo de propaganda externas. Elas são horríveis! Após, dois anos e meio longe de São Paulo, ao voltar à cidade em dezembro de 1999, senti uma agressão a quantidade de propagandas no trajeto entre o aeroporto e casa. Marta Suplicy prometeu atuar contra a poluição visual, no projeto belezura, mas nada fez. Agora, toda força à Prefeitura Municipal.
Há quem ache que a cidade ficará parecida com a Berlim Oriental dos tempos auréos do comunismo. Discordo, a cidade está cada vez mais florida por motivos que desconheço. No ano passado, os ipês deram um show a parte. Agora, precocemente, acácias, manacás e quaresmeiras já estão florindo. Na marginal Pinheiros proponho que para cada poste horrível com propaganda seja plantada uma paineira no local. Não vi nenhuma manifestação de ONGs defensoras do meio ambiente a favor da lei, mas somente uma massacrante campanha das empresas de publicidade contra a lei com interpelações jurídicas bem duvidosas.
P.S. vários desses outdoors estão em território público com escolas estaduais, o espaço da CPTM e do Metro e da própria USP. Proponho que todos os órgãos públicos denunciem os contratos.

Starbucks e a gordura trans.

A rede americana de café, Starbucks irá retirar de seus balcões, de início em metade de suas lojas, alimentos ricos em gorduras poli-insaturada do tipo trans. Além da variedade de tipos de cafés servidos, as lojas vendem cookies deliciosos, mas feitos com gordura hidrogenada. Vamos verificar qual será a política fora dos Estados Unidos. A rede Starbucks me traz sentimentos dúbios. O bom, como consumidor.Em Boston (1997) havia pouco ou nenhum local decente para se tomar um café, como se gosta após o almoço em São Paulo. As lojas Starbucks eram poucas e vendiam café caro. Mas, mesmo na neve e abaixo de zero andava três quadras para um bom expresso duplo, chamado de doppio. Hoje, há uma loja por quadra das grandes cidades. E, melhor mesmo nas estradas há paradas com um bom café. O sentimento ruim é do cidadão brasileiro reconhece que não houve um empresário sequer que desbravasse com competência o ramo do café de qualidade. Há uma rede em São Paulo - não cito o nome - que além de empregados mal educados, não serve adoçante com aspartame. Voltando a gordura trans, nas bancas de revistas encontra-se uma edição americana especial de Scientific American sobre dieta. O principal artigo é de Walter Willett da Harvard School of Public Health. A publicação da edição brasileira desse número especial será obrigatória. Willett foi o pioneiro nas pesquisas nessa área e, o primeiro a afirmar que a principal política de saúde pública seria convencer as redes de alimentação a mudarem seus menus, abolindo da gordura trans.