domingo, 27 de maio de 2007

A tecnologia insuperável: a observação humana.

A Folha de S.Paulo publicou uma matéria excelente de Marcelo Coelho questionando a propalada biodiversidade amazônica e, a importância estratégica para a indústria farmacêutica. O Centro Biotecnológica da Amazônia é um fracasso. Ponto final. Os novos medicamentos virão muito mais da beira do leito, dos consultórios e pronto-socorros associados aos laboratórios de pesquisadores básicos localizados em grandes centros urbanos. A base para as novas descobertas será a tecnologia mais desenvolvida até o momento: a observação humana. Como dizia, um filósofo popular americano - equivalente ao nosso Vicente Matheus - o jogador de beisebol Yogi Berra: "you can see a lot of things watching".
Uma consulta à página na internet do Centro de Biotecnologia da Amazônia, em Manaus, revela que os 12 mil metros quadrados da instalação contêm espaço para 25 laboratórios, mas abrigam só nove doutores e, ao todo, menos de cem funcionários. Se a Amazônia fosse de fato o Celeiro de Genes do mundo, o Pulmão Molecular do planeta, seu Eldorado Tecnobiológico, como explicar que permaneça vazio o elefante branco no Distrito Industrial da Zona Franca de Manaus?Há muitas explicações, decerto, a começar pela carência de recursos humanos qualificados na região. No passado, em 2000, também fracassou um acordo entre a iniciativa BioAmazônia e a empresa Novartis, firmado à revelia do governo federal e por ele anulado. Havia sido moldado em acordo similar firmado uma década antes, e dado como paradigma da bioprospecção, entre a empresa Merck e o INBio, do governo da Costa Rica, pela quantia de 2,8 milhões de dólares, do qual hoje ninguém mais fala.Do acordo brasileiro se pode dizer que naufragou por impróprio e por força da saudável reação social aos seus termos e condições. Mas o que dizer dos parcos resultados colhidos pelo INBio e, provavelmente, do futuro acanhado do CBA?Com certeza, que a bioprospecção não tem rendido nem uma fração do que prometia em 1992. Naquele ano se negociou no Rio de Janeiro a versão final da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, consagrando o generoso princípio da repartição de benefícios pelo uso de saberes tradicionais. O objetivo, aqui, é precisamente este: questionar a idéia feita de que a Amazônia represente uma espécie de Paraíso Genético, imagem fadada a se desfazer, assim como se desfizeram as do Pulmão Verde do mundo e do Celeiro de Alimentos. (assinante da Folha clique aqui).

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