terça-feira, 20 de novembro de 2007

Os inocentes úteis: agora, os racialistas (o fato)

O artigo que foi manchete da Folha de S.Paulo traz afirmativas, no mínimo, confusas. Não vou discutir que o perfil de mortalidade dos pretos é diferente dos pardos. Basta verificar os dados que os autores utilizaram os autores que motivou a matéria: o Datasus referente ao ano de 2005. Mas, vamos ficar somente na manchete do jornal.
Entre os classificados como pretos e pardos houve 366.082 óbitos, sendo 95.909 por doenças cardiovasculares, 62.095 por causas externas e 42510 por câncer. Ora, 95 mil é maior do que 62 mil, logo a afirmação não vale para ambos os sexos. Talvez, para o masculino. Mas, a má interpretação já foi feita. Quando se analisa, somente os homens, houve 54.073 mortes por causa externa e, 51.861 pelas doenças cardiovasculares. Mas, como a própria reportagem relatou há uma enormidade de óbitos mal definidos (quase sempre doença, raramente violência) entre os negros, revelando - concordo integralmente - um diferencial na qualidade da assistência médica. Ou seja, o risco maior dos negros é de morrer de doença cardiovascular e, não de violência.
Entro agora no título provocativo: "inocente útil". Os pretensos defensores da raça negra ao apresentar um dado - errado - permitiram que o jornalista fizesse um manchete que traz mais problema do que solução:"negros morrem de violência, brancos de doença". Isso é mentira! Negros têm maior risco de morrer seja de violência ou de doença. Precisam de acesso a unidades básicas de saúde, hospitais regionais e hospitais especializados. Precisam de cateterismo, transplante, quimioterapia etc etc etc
Esse discurso é a volta das do discurso "doenças de rico e doenças de pobre", agora "doenças de branco e doenças de negro".
Isso é retrocesso! A carga da doenças e dos agravos com violência se distribuem desigualmente na sociedade, afetando mais aqueles com menor capacidade de defesa social. Entre eles, pretos e pardos.

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