quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Boanerges de Souza Massa: história finalizada

Boanerges formou-se em medicina na USP em 1965 (ano a confirmar). Durante muito tempo foi uma figura mítica na Faculdade, pouco se falava dele, a maioria das vezes como se fosse ou um louco irresponsável ou um agente policial disfarçado. (assim ouvi mais de uma vez nos anos 70) Nunca foi alçado à condição de "herói da resistência". Alguns lembravam dele por uma cirurgia realizada em ambiente clandestino em um militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) que fora baleado. Eduardo Manzano e Heloisa L. Manzano, médicos que moram em Porto Nacional e, se formaram com ele, afirmam que o viram no início dos anos 70 e, mantinham a descrição de Boanerges em seu livro "Memórias de um casal de médicos nas barrancas do Tocantins" como a de um sujeito estranho. (expressão a confirmar, transcrita pela memória do blogueiro)
Nessa semana, duas publicações, uma transcrita no Correio Braziliense de um livro que não foi publicado de autoria do próprio Exército nos anos 80 e, a outra o livro Sem Vestígios de Taís Morais trazem informação nova. Boanerges de Souza Massa era militante do Movimento de Libertação Popular (MOLIPO), uma dissidência da ALN esteve em Cuba, montou um foco guerrilheiro no oeste baiano e, foi preso em Goiás em 1971.Após sessão de tortura foi conduzido à Bahia para reconhecer o local e, na volta foi executado em um sítio em Formosa, Goiás.
O secretário dos direitos humanos, Paulo de Tarso Vannuchi, ex-militante da ALN, ex-aluno da FMUSP poderia conduzir o reconhecimento póstumo de Boanerges, como mais um daqueles da Casa de Arnaldo que tombaram nos anos de chumbo.
P.S recomendo o livro Sem Vestígios onde descreve as "memórias" de Carioca, um agente da repressão política. Há momentos horríveis como a descrição da morte de David Capistrano. Porém, a autora poderia ter revisado melhor algumas passagens onde derrapa em gongorismos e redundâncias. Mas, o pior foi a nota de rodapé, que inimigos de José Dirceu utilizaram fora de contexto, com a interpretação de que o ex-presidente do PT e ex-chefe da Casa Civil teria sido agente duplo (uma mera suposição do Carioca, sem base fática).

Um comentário:

Anônimo disse...

Entre 1968 e 1969, não posso precisar a data com certeza, Boanerges de Souza Massa realizou uma operação no cap. Lamarca no Hospital Santa Cecília, na Praça Marechal Deodoro, no centro de SP.
Foi uma ação que resultou bastante espetacular, pq. Lamarca já era muito conhecido e suas ações eram sempre espetaculares.
A maneira como enganaram as enfermeiras etc. foi muito original, e infelizmente não sei mais dizer como aquilo se deu.
Sei que cobri o fato para o Jornal da Tarde, onde era repórter na época. Não sei dizer se a matéria foi publicada, por conta de censura.
É um dado a mais na história de Boanerges, cujo nome nunca esqueci, embora o fato já seja distante, e que tempos depois vim a saber que havia sido morto pelas forças da ditadura.
Att.
Inácio Araujo - jornalista