domingo, 25 de janeiro de 2009

O corte na Ciência & Tecnologia passou despercebido

A Folha de S.Paulo nessa semana foi o único órgão de imprensa a noticiar o corte de mais de um bilhão de reais no orçamento de ciência e tecnologia. Hoje, na própria Folha, um artigo dos presidentes da Sociedade Brasileira para o Progesso da Ciência (Raupp) e da Sociedade Brasileira de Física (Chaves).
Congresso penaliza ciência e tecnologia por Marco Antônio Raupp e Alaor Chaves. Se o Brasil quer manter as esperanças de se tornar mais inovador e competitivo, é imperativo que se reveja o orçamento para C&T. Ao formular Orçamento da União para o ano de 2009, o Congresso Nacional penalizou com especial severidade a área de ciência e tecnologia (C&T). O orçamento do ministério da área (MCT) sofreu corte de R$ 1,12 bilhão, equivalente a 52% do proposto pelo Executivo. A Capes, órgão do Ministério da Educação que cuida da avaliação e do fomento de nossos cursos de pós-graduação -responsável pela maior parte das bolsas desse nível no país-, sofreu cortes próximos de R$ 1 bilhão, quase metade do previsto.
No entanto, o mais importante foi o excelente comentário do ombudsman que pegou o gancho do discurso de Barack Obama sobre a importância da ciência para uma sociedade.
Como o ombusdman é pago para avaliar a Folha, sua crítica foi dirigida ao jornal, mas pode ser estendida a todos nós: acadêmicos, sociedades de cientistas, intelectuais e imprensa que se preocupam mais com fofocas do Congresso (e, da política) do que com fatos que interferem no trabalho de todos nós com impacto para toda a sociedade.
Depois do mal feito... (Carlos Eduardo Lins da Silva) De setembro a dezembro, ela realizou diversas sessões. Só depois que a decisão foi tomada o assunto apareceu aqui. Quando a divulgação da ameaça de corte poderia ter alertado entidades e indivíduos para se mobilizarem a fim de impedi-lo, nada ou quase nada se publicou a respeito.É mais um exemplo de como é ineficaz e burocrática a maneira como o jornal cuida dos assuntos do Congresso Nacional. Não faltam espaço e repórteres para ouvir conversa fiada e reproduzir declarações cínicas que só interessam aos que as fazem.O diz-que-diz inconsequente, as pequenas fofocas, os balões de ensaio de deputados e senadores em busca de cargos e poder, para estes há sempre lugar nestas páginas.Mas colocar alguém para acompanhar sistematicamente o trabalho das comissões, na de Orçamento, por exemplo, e verificar se absurdos como esse corte estão sendo perpetrados contra o interesse público, isso o jornal não faz.

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